Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 09 - Número 411 - 2001            20 de fevereiro de 2001

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Textos
História do Cristianismo IV, Maurício Júnior, Brasil

(Seqüência do texto publicado no Boletim 410)

AULA 4 - O ADVENTO DO CRISTIANISMO

Jesus Cristo
Os Apóstolos
O Apóstolo dos Gentios

1 - JESUS CRISTO

    O conteúdo de todo o Novo Testamento pode ser resumido em duas palavras: Jesus Cristo. Essa era a fórmula da profissão de fé da comunidade cristã primitiva e traduz exatamente a união da divindade e da humanidade numa mesma pessoa. Jesus é o ser humano histórico, que viveu na Palestina no tempo do imperador Tibério e que morreu crucificado sob Pôncio Pilatos; Cristo expressa a transcendência divina dessa mesma pessoa, que foi ressuscitada por Deus e elevada à dignidade de Senhor do mundo e da história. A relação entre o Jesus histórico e o Cristo da fé constitui um dos maiores problemas que se propõem à teologia atual.

    Hoje em dia é extremamente difícil escrever uma biografia de Jesus. Depois de uma investigação que exigiu da teologia um esforço extraordinário, de quase duzentos anos, no sentido de redescobrir e descrever a vida do ?Jesus histórico?, os estudiosos chegaram a resultados muito limitados. Isso porque, até o momento, não se conhece qualquer fonte historiográfica neutra sobre Jesus de Nazaré. O testemunho de fé da Igreja primitiva, contido nos livros do Novo Testamento, é praticamente a única fonte existente. Mas é impossível reconstituir uma história de Jesus a partir do Novo Testamento. A figura ali descrita não é Jesus como ele era em si mesmo, mas aquilo que Jesus significava para os que acreditavam na sua ressurreição. Embora o Novo Testamento tenha suas raízes na vida e morte de Jesus, ele foi em grande parte criado pelas primitivas comunidades cristãs, que nele colocaram suas próprias concepções e a idealizacão de seus interesses, projetando-os no passado, na vida de seu fundador.

    Assim, os Evangelhos não são apenas fontes históricas ou manuais de história, mas a reunião de fatos vividos por Jesus e a confissão de fé no Cristo. Não se conhece uma única frase de Jesus nem uma simples narração sobre ele que não contenham, ao mesmo tempo, a profissão de fé da comunidade crente ou que, pelo menos, não tenham sido influenciadas por ela.

    Para a tradição cristã original foi Jesus Cristo, o Salvador, o Filho de Deus feito homem com a missão de sofrer e morrer como os homens e resgatar com seu sacrifício os pecados da humanidade. Humanizou sua divindade, espiritualizando assim a humanidade. Para os historiadores em geral, mesmo os que lhe recusam a divindade, foi um dos mais extraordinários vultos de todos os tempos. Até hoje, dois mil anos depois de Cristo, uma leitura dos Evangelhos torna viva de novo sua figura feita de terrível autoridade e grande doçura, a figura do irado profeta que expulsou os vendilhões do Templo e do manso pregador do Sermão da Montanha. As idéias de Jesus Cristo, que o Império Romano do seu tempo mal escutou e que nehum historiador de Roma anotou, vivem e atuam ainda no mundo.

    O nome de Jesus Cristo vem do hebreu Jexua, ?Deus é o seu auxílio?, e do grego Khristós, ?Cristo?, tradução dada ao termo hebreu Maxiah, ?Messias?, ?Ungido?. O nascimento de Jesus Cristo ocorreu provavelmente no ano 4, antes de nossa era. Sua existência histórica é admitida pela totalidade dos críticos sérios. A moldura geográfica, o contexto político-social e religioso de sua vida são perfeitamente definidos e resistem à comparação com documentos coevos (1) e informes arqueológicos. Os historiadores romanos Tácito e Suetônio, bem como o historiador judeu Flávio Josefo silenciam sobre sua pessoa, mas as descrições de homens, costumes e lugares comprovam as informações do Novo Testamento. Assim,  a única fonte para estabelecer-se uma vida de Cristo é o Novo Testamento, sobretudo os quatro evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as Cartas de Paulo. Os autores desses escritos foram discípulos de Jesus Cristo.

    A controvérsia surgiu no séc. XVII no rastro do racionalismo emergente, em que alguns autores negavam o sobrenatural e procuravam limitar-se aos elementos puramente naturais da narração. Tentando superar essa interpretação, que mutila os documentos não levando em conta a maior parte de seu conteúdo, Strauss apresentou a teoria mitológica, discernindo e separando nos Evangelhos o Jesus mítico do Jesus histórico. Mas como Celso e Flávio Josefo, adversários do Cristianismo nos primeiros séculos, os racionalistas jamais negaram o fato da existência de Cristo.

    Jesus nasceu em Belém de Judá. José e Maria moravam em Nazaré e haviam ido a Belém para o censo decretado pelo imperador romano Augusto. Não encontrando hospedaria na cidade, refugiaram-se em uma gruta-estábulo, onde nasceu Jesus. Pastores da região e príncipes do Oriente reconheceram na criança o Messisas esperado. O casal fugiu para o Egito. Herodes, informado da impressão causada pelo nascimento de Jesus, ordenou a matança das crianças de Belém e arredores.

    Após a morte de Herodes, José e Maria regressaram do Egito e passaram a morar em Nazaré, onde aquele era carpinteiro. Ali viveu Jesus. No período de vida oculta - do nascimento à vida pública - apenas sabe-se que Jesus esteve em Jerusalém para ser circuncidado e sua mãe purificada e, todos os anos, para a festa da Páscoa. Aos 12 anos de idade, em uma dessas visitas a Jerusalém, Jesus deslumbrou os doutores do Templo pela sua interpretação das Escrituras.

    No ano 15 do reinado de Tibério, Jesus reaparece para ser batizado por João Batista. Após um período de ascese (2) no deserto, vemo-lo explicando as Escrituras na sinagoga de sua cidade Nazaré, na Galiléia, e iniciando pregação e afirmação dos poderes extraordinários que arrastavam multidões. Dali passou à Judéia, à Samaria, à Jerusalém. Tornou-se famoso pelo estilo oratório simples e incisivo, pela suave força de sua doutrina quanto às relações com Deus e os semelhantes, pela fraternidade universal, pelas reações contra o sectarismo e o ritualismo dos fariseus e sacerdotes, e, finalmente, pela exaltação dos humildes, dos mansos e dos pobres, pelo caráter universal da religião que pregava. Mais ou menos aos 33 anos foi acusado de subverter a lei religiosa, e a ordem política da Judéia, foi preso e condenado à crucificação.

    Mesmo considerando sua história até este ponto, Jesus não pode ser confundido com os profetas que surgiam em Israel como fenômenos crônicos. Basta que se compare o conteúdo de sua mensagem, acima do que havia de mais respeitado em Israel, a Lei de Moisés e os Profetas.

    Os Evangelhos e as Epístolas não encerram a vida de Jesus com a crucificação. Três dias após seu sepultamento, seus discípulos, mulheres e homens amedrontados declararam havê-lo visto, de início aqui e ali, depois durante quarenta dias de maneira contínua, até sua ascensão aos céus. É este o ponto central do Cristianismo, sem o qual se torna inútil e vão, como declara Paulo em sua primeira carta aos Coríntios. Todos os historiadores concordam que os primeiros cristãos acreditavam na sobrevivência gloriosa de Jesus, divergindo quanto à origem dessa crença.

    O dogma católico diz que a ressurreição de Cristo não deve ser considerada como simples mistério de fé nem como a reanimação de um cadáver, mas como mistério e fato histórico.

    Há uma grande diferença entre os evangelhos apócrifos (3) e os Evangelhos a respeito da ressurreição. Os apócrifos não pormenorizam o modo da ressurreição; os sinóticos (4)  e o Evangelho de João apresentam a crença como baseada em fatos negativos, como sepultura e túmulo vazio, e positivos como as aparições, que são distintas de visões. Não são apresentados argumentos, mas testemunhas, que são apenas os seus seguidores. É, de novo, um problema de aceitação pessoal, um problema de fé.

    A história de Jesus Cristo, e todas as suas consequências, prolongam a questão persistente nos Evangelhos: ?Quem pensam que sou?? E ele dá a resposta na perspectiva do problema psicológico e humano da salvação: aceitá-lo ou negá-lo é optar definitivamente. Respondendo à pergunta de quem era Jesus, os Evangelhos apresentam expressões que outros lhe aplicaram e as aceitou: Messias, Eleito, Filho de David; expressões com que ele mesmo se designou: Filho de Deus e Filho do Homem. Todos esses termos devem ser entendidos de acordo com o sentido histórico. Messias não é um termo técnico do Antigo Testamento, aplicando-se ao povo todo como nação ungida, reino sacerdotal. Mas, na época de Jesus, em que o povo vivia sob o jugo romano, o termo tinha a conotação que hoje lhe damos de Libertador.

    Hermínio C. Miranda, em seu livro ?Cristianismo: a mensagem esquecida?, assevera com raro senso de oportunidade: ?A despeito do desastrado esforço mitificador que tentou aprisionar a personalidade histórica de Jesus numa rede de fantasias, os componentes básicos de sua imagem resistem e persistem, tornado-a suscetível de uma aceitável restauração, mesmo ante à exiguidade da evidência documental. Seria errôneo supor que estão para sempre fechadas todas as vias de acesso a uma completa reconstituição histórica, não apenas quanto à sua figura, mas também a seus ensinamentos, o ambiente em que viveu, as coisas que realmente fez, disse e ensinou. Isso porque os seres humanos que com ele conviveram são tão imortais quanto ele próprio e, portanto, continuam vivos, conscientes, dotados de inteligência, de experiência e memória?.

2 - OS APÓSTOLOS

    A palavra apóstolo vem da palavra grega apóstolos que significa enviado ou legado. Este nome foi dado por Jesus Cristo, antes do Sermão da Montanha, aos discípulos que escolheu por companheiros e confidentes durante o resto de sua pregação e, posteriormente, enviou pelo mundo para pregar o Evangelho e propagar sua Igreja.

    São também chamados no Evangelho ?Os Doze?, por seu número, e vêm enumerados em quatro listas, encontradas respectivamente nos Evangelhos de Mateus (Mt. X, 2), Marcos (Mc. IV, 16) e Lucas (Lc. VI, 14) e nos atos dos Apóstolos (At. II, 13). Seus nomes são os seguintes, segundo a ordem do Evangelho de Mateus: Simão, a quem Cristo chamou Pedro, André, seu irmão, Tiago, filho de Zebedeu, seu irmão João, o discipulo amado de Jesus, Filipe, Bartolomeu, que parece ser o mesmo que Natanael, Tomé, chamado Dídimo (gêmeo), Mateus ou Levi, Tiago, filho de Alfeu, Judas Tadeu, Simão Cananeu ou Zelote, e Judas Iscariotes, o traidor. Os quatro primeiros haviam sido pescadores, e Mateus publicano.

    Cristo formou estes eleitos pelo exemplo, doutrinas e admoestações, enviando-os, em certa ocasião, temporariamente, à Palestina, a fim de pregar, curar enfermos e expulsar demônios. Traído pelo Iscariotes, foi feito prisioneiro e condenado à morte. Durante sua Paixão, Pedro negou-o, e os demais apóstolos abandonaram-no. Somente João esteve com ele ao pé da cruz.

    Já antes de Pentecostes, o apóstolo traidor e suicida havia sido substituído por Matias. Algum tempo depois, Paulo de Tarso, perseguidor da Igreja, a quem apareceu Cristo na estrada de Damasco, recebeu também a dignidade de apóstolo, que proclama e reivindica em seus escritos. Juntamente com ele, foi também chamado apóstolo Barnabé de Chipre, embora não se possa situá-lo na mesma ordem.

    O livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, menciona parte da atividade apostólica, sobretudo dos apóstolos Pedro e Paulo, encarregados de modo especial do apostolado entre judeus e gentios, respectivamente.

    A pregação dos apóstolos, que começou na Palestina, estendeu-se, mais tarde, a outros países e não se sabe detalhadamente tudo o que fizeram. Por sua vida de santidade, prédicas e ?milagres?, foram conquistando as almas e difundindo a fé cristã. Foram, além disso, os autores da maior parte dos livros do Novo Testamento.

    A pregação dos primeiros apóstolos, dirigida aos judeus, ainda não se caracterizava por uma cristologia definida, que talvez somente comece a ser elaborada mais tarde (primeiros capítulos de Atos e epístola de Tiago), caracterizando-se pela afirmação de que Jesus é o Senhor e o Cristo, o servo sofredor, aquele de quem os profetas falaram e que veio para o julgamento e a salvação.

3 - O APÓSTOLO DOS GENTIOS

    Paulo, o futuro Apóstolo dos Gentios, nasceu na cidade de Tarso, na Cilícia, Ásia Menor,  por volta do ano 5 de nossa era, e pertencente hoje à Turquia. À época, era território anexado ao Império Romano.

    Primeiro grande missionário e teólogo cristão, também chamado o ?Apóstolo dos Gentios?, e cuja inportância no seio da Cristandade é somente menor que a de seu fundador. De origem e formação judaicas, enfatizou a distinção entre Judaísmo e o Evangelho de Cristo, proclamando este como o guia da verdadeira religião universal.

    Sua atitude revolucionária modificou a orientação seguida pelos primitivos apóstolos e apontou a cruz como o caminho da salvação, o que levou os cristãos a uma situação-limite, expressada pela única escolha possível: Cristo ou o Farisaísmo.

    Era homem de sólida educação liberal e estudioso afeito aos problemas da cultura grega. O minucioso estudo das epístolas (cartas), permite ainda que se forme uma idéia a respeito de sua vida, bem como sobre as influências judaicas que recebeu. Em Tarso, sua cidade natal, aprendeu o grego, o latim e o hebraico. Mais tarde, em Jerusalém, estudou na escola de Gamaliel, onde tomou contato com a dialética, processo de que muito viria a se utilizar em suas especulações teológico-filosóficas. Essa formação intelectual torna compreensível sua concepção universalista do Cristianismo.

    Terminada a educação rabínica, teria Paulo voltado a Tarso e logo depois a Jerusalém. Durante esse tempo torna-se fariseu exaltado, perseguindo os cristãos. Tal procedimento, entretanto, cederia lugar a uma radical transformação, fruto da visão da estrada de Damasco. Convertido, Paulo se retira para o deserto, aí se entregando, durante dois anos de solitária contemplação, aos êxtases da revelação cristã.

    De volta a Damasco, perseguições judaicas obrigaram-no a fugir para Jerusalém, onde se entrevista com o apóstolo Pedro. Convidado depois por Barnabé a tomar parte nos trabalhos ministeriais da Igreja de Antióquia, visita Jerusalém pela segunda vez, ocasião em que, inspirado pelo Espírito Santo, traça os rumos de um novo apostolado de vanguarda, iniciando suas célebres jornadas apologéticas (5).

    A primeira das três expedições paulinas dirige-se a Chipre. Em pouco tempo, Paulo, que partira de Jerusalém em 47 d.C., consegue converter o procônsul Sérgio Paulo. O acontecimento, de extraordinária importância, garante o êxito da missão, que se estenderia ainda às regiões de Panfília, Pisídia e Licaônia, onde numerosas igrejas foram fundadas.

    Entre a primeira e a segunda jornada tem lugar o Concílio Apostólico de Jerusalém (48 ou 49 d.C.), a que Paulo e Barnabé comparecem como representantes da Igreja.

    A segunda jornada missionária (50 d.C.) partiu em direção à Ásia Menor e, seguindo o rumo N.E., atingiu Tróada, onde uma visão misteriosa fez com que Paulo se dirigisse à Europa. Atravessou então a Macedônia, visitou Atenas, estabelecendo-se finalmente em Corinto. Aí, além de organizar a comunidade cristã, exerceu grande atividade apologética e política. As epístolas paulinas dessa época são, talvez, as primeiras do Novo Testamento. Três anos depois, retorna à Palestina, chegando a Antióquia em 53 ou 54 d.C.

    Logo em seguida inicia-se a terceira jornada missionária, que, refazendo rapidamente o itinerário da anterior, dirige-se a Éfeso, onde, por mais de três anos, desenvolve o apóstolo intensa atividade doutrinária. Não longe dessa cidade, porém, seus inimigos conspiram contra as igrejas gregas por ele fundadas. Em Corinto e na Galácia acusam-no de ser apenas um apóstolo secundário, estranho, portanto, aos 12 primitivos companheiros de Jesus, e concluem que seu Evangelho não passa de uma falsa interpretação dos princípios judaico-cristãos. Em duas famosas epístolas, aos gálatas e aos coríntios, Paulo responde às acusações, refutando ponto por ponto as críticas de seus adversários. Pouco antes de abandonar definitivamente a Grécia, escreve então sua mais importante epístola, aos Cristãos de Roma, em que revê inúmeros fundamentos teológicos do Cristianismo.

    Ao regressar a Jerusalém (57 ou 58 d.C.), vê-se acusado por fanáticos de profanar os templos. Encarcerado em Cesaréia, é depois transferido para Roma, onde consegue então ser absolvido. Em 61 d.C. realiza ainda algumas missões, que o levam mais uma vez ao Oriente e, provavelmente, à Espanha. De volta a Roma, os judaizantes da comunidade o perseguem, acabando por prendê-lo. Submetido a longo processo, foi o apóstolo decapitado em 64 ou 65 d.C.

    A doutrina de Paulo está contida em suas 14 epístolas canônicas (6). Nelas, o Apóstolo dos Gentios vivifica, em estilo rico e enérgico, matizado de poderosas imagens, os dogmas fundamentais da Teologia Cristã. Sua posição, decididamente cristocêntrica, leva-o à visão redentora do Cristo-Deus glorioso. O universalismo religioso de Paulo, acima das diferenciações raciais, sociais, econômicas e geográficas, é a síntese suprema do Cristo místico, cuja unidade enlaça o próprio cosmo.
 


(1) Coevo - Contemporâneo.
(2) Ascese - Exercício prático que leva à efetiva realização da virtude, à plenitude da vida moral.
(3) Apócrifos - Diz-se de obra ou fato sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou
(4) Sinóticos - Os Evangelhos de Mateus Marcos e Lucas, assim chamados porque permitem uma vista de conjunto, dada a semelhança de suas versões.
(5) Apologético - Que encerra apologia: discurso para justificar, defender ou louvar.
(6) Canônico - Preceito de direito eclesiástico.

TEXTOS EXTRAÍDOS DE:

Enciclopédia Barsa.
Enciclopédia Britânica.
MIRANDA, Hermínio C. As Marcas do Cristo. Vol. II
SAVELLE, Max. História da Civilização Mundial.
Dicionário Prático e Ilustrado. Lello & Irmãos, Porto.
MIRANDA, Hermínio C. Cristianismo: a mensagem esquecida.



Comentários
O ESPÍRITO  DA VERDADE e palestra de Raúl Teixeira, Carlos Iglesia, Brasil

(Comentário à Pergunta efetuada no Boletim 410)

Cara Julieta,

    Há questões dificeis de resolver, que por sua própria natureza sempre terão respostas pessoais, de acordo com a visão de cada um. Este é um destes casos. O próprio Espírito da Verdade preferiu se apresentar com este pseudônimo. Qto a questão do plural, não se esqueça que mesmo no nosso mundo, quando se coordena uma equipe, é de bom tom usa-lo ...

    De resto, esta é uma questão totalmente secundária - a identidade em sí do espírito que presidiu a codificação espírita, não altera em nada o conteúdo dos seus ensinamentos e é isto que realmente importa.

    Por favor, não deixe de nos enviar o texto da Palestra citada, caso o tenha,

    Atenciosamente,
    Carlos Iglesia



Resposta a: O Espírito da Verdade, Maria Julieta, Portugal

(Nesta contribuição envio uma resposta a Maria Julieta para a sua dúvida
referente ao Espírito da Verdade, boletim GEAE no. 410.)

Olá Maria Julieta,

Creio que este trecho do Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VI, esclarece suas dúvidas:

[]s - Josi


Consolador prometido

    3. Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. -Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.

(S. JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.)

    4. Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.

    O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos para ouvir." O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.

    Disse o Cristo: "Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados."Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário.

    O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.

    Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.



Evolução espiritual dos animais, Ricardo  Di Bernardi, Brasil

(Referente a questão discutida no Boletim 410)

    Na tradução de Herculano Pires, há ao pé da página uma bela explicação, lembrando que os espíritos dizem: são sempre animais, e não serão sempre animais.

    André Luiz ditou um livro (médium Francisco Cândido Xavier) denominado "Evolução em Dois Mundos", explicando toda a evolução dos animais até chegarem ao dito reino hominal. Emmanuel na questão 79 e outras do livro "O Consolador" nos fala claramente de que os animais chegarão ao reino animal como nós humanos chegaremos a angelitude. Joanna de Angelis em "Estudos Espíritas" (médium Divaldo Pereira Franco), páginas 50 a 59, aproximadamente, (confirme) nos afirma, também, que nós provimos dos animais bem como eles evoluirão a reinos superiores. Em "A Grande Síntese", de Pietro Ubaldi (embora muitos espíritas não tenham estudado),  A Voz, nos diz a diferença entre vegetais, animais e homens é a maior ou menor distância percorrida em milhões de anos na estrada da vida. Mas a questão 540, do "O Livro dos Espíritos", é que dá respaldo a opinião (respeitável) de André Luiz, Emmanuel e Joanna de Angelos.

    Abraços




Perguntas
Pergunta sobre Mediunidade, Elizabeth, Brasil

    Dentro da minha pequenez, sou médiun, sonâmbula, com o fenômeno de bilocação, estudo muito o assunto em: O Livro dos Médins, Diversidade dos Carismas, I e II, Yvonne A. Pereira, Ernesto Bozanno, Stephen Laberge, O Livro dos Espíritos e vários outros:

    1- como voltar para o corpo sem crises de choro?
    2- as cenas são muito reais, como num filme, não consigo esquecê-las.

    3- às vezes fico impotente, como que hipnotizada, ouço falarem comigo mas não consigo responder.

    4- vou há tantos lugares, mas só escuto meu avô, que diz, vem comigo.

    5- sou kardecista, procuro sempre melhorar, mas a partida de meu filho em acidente de carro, à quatro anos e cinco meses, deixou-me muito mais sensível, com apenas 23 anos despediu-se, estamos sofrendo ainda, eu principalmente, será prova para mim e meu esposo ou prova dele?

    6- Gostaria, sei que às vezes não é possível, tenho o lema orar e vigiar que Emmanuel nos ensina através de Francisco Xavier, mas como e porque o plano superior demora tanto a nos responder?

    Agradeço se tiver respostas. Paz e luz a todos do geae. Obrigado pela paciência que demonstram para comigo.

    De sua humílima irmã,
    Elizabeth

p.s.- Aguardo ansiosamente respostas. Desculpem se as perguntas não foram bem formuladas.



O Cérebro e o Espírito, Guilherme, Brasil

    Tenho uma dúvida, não sei se estou enviando este e-mail para o lugar certo, mas se for possível responder agradeço. Com o desenvolvimento científico técnicas de transplante cerebral tem sido desenvolvidas em animais, a minha dúvida é se fosse feita um transplante em seres humanos, o indivíduo transplantado sofreria mudanças de comportamento? As memórias do outro passariam para o transplantado? Pergunto isto tendo em vista que houve alterações comportamentais entre animais transplantados. Estou confuso por que se é o espírito que pensa, pode haver então alguma mudança comportamental do indivíduo o por ainda possuir o mesmo espírito ele não mudaria de comportamento. Por que houve mudança no comportamento desses animais?

Ficarei grato se algum irmão poder responder. Um abraço e muita paz!

Guilherme


Prezado Guilherme:

    Sua questão é realmente muito interessante. Não resta dúvidas que, em vista dos avanços das técnicas cirúrgicas atuais seja possível realizar uma experiência desse tipo. Porém, essa questão é, digamos assim, de vanguarda, já que estamos ainda muito aquém (do ponto de vista dos resultados fisiológicos) em relação ao estágio atual dos transplantes com  órgãos "mais simples"
(pulmão, coração etc).

    Eu pessoalmente acredito que, quando a medicina se deparar com a possibilidade real de transplante de cérebro (ou "de cabeça" numa versão cirurgicamente mais "simples") ela encontrará dificuldades enormes em fazer "as coisas funcionarem" e certamente esbarrará no problema da parte espiritual do ser humano. Nesse sentido penso não ser possível finalizar um transplante desses com sucesso (contornado o problema de rejeição do órgão transplantado, talvez tenha vida apenas por alguns instantes ou um simulacro de existência, sem sentido normal). Nas UTIs de hoje em dia não é difícil deparar-se com quadros desse tipo, onde o corpo físico continua existindo não obstante a finalização de todos processos psicológicos no indivíduo vítima de paralização cerebral prolongada. O corpo físico tem existência independente do espiritual, é possível mantê-lo "vivo" sem a presença, ou melhor, na ausência de laços de ligação fortes com o Espírito.

    Com relação à mudança de comportamento nos animais ditos transplantados, a questão é igualmente complexa. No estágio
atual de nosso conhecimento sobre a realidade espiritual dos seres, nos é francamente difícil dar uma resposta razoável. Não temos porém o mínimo receio em afirmar isso, já que essa realidade representa um campo imenso a ser investigado pela frente.

    Dado que modificações comportamentais são observadas mesmo em seres humanos sob a ação de drogas químicas que modificam os padrões cerebrais normais (e portanto abrem portas antes fechadas nas vias de interligação cérebro-espírito), não é difícil imaginar tais modificações normais pela extrapolação do mesmo modelo para os animais. Poderíamos assim imaginar que parte da matriz espiritual no ser permaneça a seu corpo ligada independentemente da região cerebral atingida pelo transplante e que, portanto, sofra sob a influência de uma nova estrutura cerebral, como se estivesse em desajuste com essa. Isso, porém, é mera especulação minha. Além disso, não sabemos se  os laços de ligação do Espírito com o corpo
passem todos necessariamente  pelas estruturas neurológicas do cérebro.

    O que podemos afirmar com certeza é que o modelo Espírito-corpo é suficientemente amplo para acomodar um grande números de explicações possíveis e nada atualmente pesquisado tem invalidado a tese do Espírito (corpo espiritual) que, como sabemos, pode ser demonstrada facilmente por outra categoria de fenômenos. Como na natureza não existem conflitos, uma solução surgirá com certeza, solução essa que acredito passará pelo reconhecimento da existência da estrutura espiritual do ser.

    Pelo que conheço das experiências em neurobiologia, o estágio atual do conhecimento científico ainda deixa muito a desejar (não confundir isso com nosso estágio de conhecimento de métodos de pesquisa e monitoramento neurológico ou neurobiológico, que é bem avançado). Simplesmente não existe uma teoria. O que há é um emaranhado de teses que se adequam a certa classe de fenômenos, todas guiadas por uma certa tendência materialista comum dos biólogos em achar que a química seja suficiente para explicar os fenômenos psicológicos. Ora, essa idéia reducionista (a química com o originária em nível profundo dos fenômentos psicológicos e, em última análise, da consciência), é muito problemática pois sabemos que a química em princípio pode ser reduzida à física. Essa por sua vez não contém em si nenhum elemento que se preste a fundamentação dos fenômenos psicológicos. Há um conflito aqui bastante grave pois os biólogos rejeitam novas concepções da física que depõem contra a explicação meramente química (e mecanicista) dos fenômentos biológicos e principalmente neurobiológicos. Físicos, por sua vez, não tem competência em julgar métodos de pesquisa em biologia e química e a situação fica difícil.

    Espero que essas palavras possam de alguma forma ajudar na tentativa de resposta a suas questões.

    Muita paz,

Ademir
Editor GEAE



Mensangens Espíritas, Claudia, Brasil

 Olá,

     Inicialmente quero agradecer por estar recebendo todas as semanas mensagens inovadoras sobre o Espiritismo. Sou espírita há cerca de oito anos e também trabalhadora na área de desobsessão do grupo espírita que frequento. Atualmente estão ocorrendo casos "curiosos" de médiuns que dizem receber mensagens diretamente de Maria e de Jesus. Particularmente, eu sendo uma médium vidente, audiente tenho também tido e recebido mensagens constantes do Plano Maior. Eu acredito no que vejo e todos os sintomas são muito parecidos com as demais médiuns videntes. Lanço então essa temática para todos os espíritas interessados em estudos como eu nessa área.

    É realmente possível estar acontecendo isso? Sempre me ensinaram que temos que usar o bom-senso e não cair na crendice e ficar impressionada. Estou segura no que sinto e nas mensagens acalentadoras que temos recebido. A diretoria desse centro espírita duvida dos fenômenos acima. Como provarmos a sua autenticidade? Será necessário nos submetermos a um teste na própria Federação Espírita de São Paulo ou até mesmo a Federação Espírita do Brasil? O que vocês nos sugerem?

    Agradeceria se pudessem nos orientar quanto a esses acontecimentos e esperamos um breve contato.

    Sinceramente,
    Claudia


Cara Claudia,

    A melhor recomendação que posso lhe dar a respeito é ler "O Livro dos Médiuns" de Allan Kardec, onde se encontram respostas as questões que apresentou. A comunicação de espíritos tão adiantados, como os citados, é realmente um fato raro, embora não se possa dizer que impossivel, e a análise criteriosa das mensagens imprescindível. Creio que tanto a FEESP como a FEB possam ajuda-la nessa tarefa, sempre é de bom alvitre procurar uma opinião externa nestas questões.

    De qualquer maneira, caso estas comunicações não tenham sua autoria confirmada, sempre podem trazer algum ensinamento - como por exemplo a própria tarefa de análise - e serem etapas do próprio processo de formação mediúnica.

    Atenciosamente,
    Carlos Iglesia



Painel
I ENCOESP- Encontro Espírita em São Paulo, Brasil


      Com uma média de 10 mil pessoas em três dias de evento, e um inédito encontro de líderes de diversas religiões, foi encerrado no dia 21 de janeiro, domingo, às 20 horas, o 1o ENCOESP - Encontro Espírita do Estado de São Paulo, realizado no Palácio das Convenções do Anhembi, São Paulo - SP. O encontro, que foi promovido pela USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, consistiu em palestras, conferências, seminários, apresentação de pintura mediúnica, comunicações obtidas através da transcomunicaçao instrumental, mostras de artes, apresentações teatrais e musicais. Contou o evento com o apoio de 1.300 centros espíritas unidos à USE-SP, a participação de 26 instituições espíritas especializadas e as que congregam outras casas espíritas, e de 20 editoras especializadas.

      Por iniciativa da USE-SP, na gestão do então presidente Antonio Cesar Perri de Carvalho, no dia 18 de maio de 2.000 realizou-se a 1ª reunião com Instituições Espíritas especializadas e as que congregam outras casas espíritas, quando foi assinada uma carta de intenção que se transformou em ?Acordo de União das Instituições Espíritas para Difusão da Doutrina Espírita?, por ocasião da 2ª reunião, realizada no dia 23 de setembro de 2000, quando, nesse mesmo encontro, a USE-SP, por sua 1ª Vice-presidente Julia Nezu, propôs a participação das instituições na realização do 1º ENCOESP, que a USE-SP estava programando. A adesão foi imediata pelos signatários do ?Acordo de união?: Associação Médico-Espírita, Associação dos Divulgadores de Espiritismo do Estado de São Paulo, Aliança Espírita Evangélica, Setor III da Fraternidade dos Discípulos de Jesus, Coligação Espírita Progressista, Rede Boa Nova de Rádio, Fundação Espírita André Luiz, União dos Delegados de Polícia Espíritas do Estado de São Paulo, Confederação Panamericana, Comissão da 45ª Concafras e outras instituições vieram, posteriormente, somar o projeto do Encontro Espírita. E o resultado foi surpreendente, pois durante três dias o Anhembi foi palco de união e fraternidade entre os trabalhadores das mais diversas instituições participantes que estiveram na infra-estrutura do evento.

    O 1o. ENCOESP teve início na sexta-feira, dia 19, às 17 horas e a solenidade de abertura iniciou-se às 20h com a mesa diretora composta pelo Presidente da USE Attilio Campanini, o Presidente da USE Regional São Paulo Arnaldo Espadafora, o Secretário Geral do Conselho Espírita Internacional Nestor João Masotti, o Vice-presidente da Federação Espírita Brasileira Altivo Ferreira, o Deputado Estadual Alberto Calvo, a representante do Vereador Rubens Calvo Sra. Diva Calvo, o Presidente da Associação Brasileira dos Divulgadores de Espiritismo, a 1ª Vice-presidente da USE e coordenadora geral do Encoesp Julia Nezu Oliveira e os representantes de mais de 20 Instituições participantes do Encoesp. A conferência de abertura foi proferida pelo médium e orador Divaldo Pereira Franco, que falou para um público de mais de 3.000 pessoas.  A solenidade de encerramento levou para o grande auditório do Anhembi uma mesa redonda com o objetivo de líderes religiosos iniciarem uma proposta de aproximação para, juntos, contribuírem para a melhoria da sociedade.  Participaram o presidente da USE-SP, Attilio Campanini; o babalorixá Aya Sappona; o mulçumano Sheik Ali Mohamed (presidente na América Latina da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica); a reverenda Coen Cláudia Souza (Comunidade Budista Soto Zen Shu); o padre católico Luiz Fernando (Pastoral da Comunidade Negra -SP); pastor Nehemias Marien (Igreja Presbiteriana - RJ); o representante da LBV - Legião da Boa Vontade, Daniel Rocha; o espírita Éder Fávaro, da Associação Brasileira dos Divulgadores de Espiritismo; e o metafísico Valcapelli. Os líderes falaram sobre os diferentes pontos de vista relativos a questões polêmicas, como o que é Deus; a posição diante do aborto; eutanásia; suicídio e pena de morte. Após 40 minutos de pronunciamentos, cada participante deixou sua mensagem de paz.

    Durante os três dias de ENCOESP ocorreram cerca de 100 palestras espíritas de natureza científica, doutrinária e filosófica; 52 estandes foram montados para as instituições participantes, exposições e venda de livros espíritas e exposições diversas. A programação incluiu, também, apresentações artísticas, musicais, teatrais, promovidas pelo Departamento de Artes da USE, exposição de quadros de arte pararrealista - Alzira Appolo, da Sociedade Pararrealista de Artes Plásticas, em São Paulo -, e pintura mediúnica, com a médium e escritora espírita Marilusa Moreira Vasconcelos, de São Paulo e com o médium e conferencista José Medrado, de Salvador, Bahia. Houve, também, exposição de fotos da época de Kardec e personalidades espíritas por Sinézio Griman, de Volta Redonda, além de espaços abertos destinados à montagem de oficinas de artesanato, para a participação do público presente, com trabalhos com canudos de jornal, pintura em tela, pano e gesso, com Luiza Freitas e Denise, e esculturas com balões, com Silvia.

    Renomados expositores da Doutrina Espírita prestigiaram o encontro apresentando palestras: Heloísa Pires, Reynaldo Leite, Geraldo Guimarães, Izaias Claro, Miguel de Jesus Sardano, Wilson Garcia, Sérgio Felipe de Oliveira, Marlene Nobre, Ercília Zilli, Rita Foelker, Gilvete Ming, Merhy Seba, João Lourenço Chinaglia Navajas, Bismael Batista de Moraes, Adalgiza Baleiro, Jether Jacomini, Eder Fávaro, Enéas Canhadas, Jaci Régis, Milton Medran, Reinaldo Di Lúcia, Nancy Puhlmann, Cesar Perri, Milton Felipeli, Rino Curti, Miltes Aparecida Bonna, Alamar Régis Carvalho e outros.

    Os temas científicos foram apresentados no auditório ?J?, que esteve lotado sábado e domingo, em todos os horários. Participaram os palestrantes dessa área, Norberto Gaviolle, Irene W. Gaviolle, Claudine T. Carneiro, Arnaldo Carneiro, Renato Alves Netto, Lívia Carvalho, Paulo de Oliveira, Paulo Ribeiro, Julia Nezu  e outros.

    José Medrado, que apresentou um tema de auto-ajuda ?Construindo a Felicidade?, no domingo, levantou o público que lotou o grande auditório, com momentos de descontração musical. Muito concorrida foi, também, no sábado, a sessão de pintura mediúnica com o médium Medrado.

     Wladimyr Sanchez, coordenador dos cursos ? Mecanismos da Mediunidade? e ?O Livro dos Espíritos?, segundo visão científica, na USE-SP, durante o lançamento do seu 1º livro espírita ? A Influência dos Espíritos no nosso dia a dia?, proferiu a palestra sobre o ?Mecanismo da Morte?, segundo visão científica, no domingo, no Grande Auditório. Logo após, autografou mais de 200 livros no estande da USE-SP.

    Das 20 editoras presentes no evento, dentre essas as editora DPL, Panorama, Madras, JS Editora, Mundo Maior, LEAL, Meimei, Allan Kardec, etc., 11 realizaram autógrafos nos seus estandes. Foram lançados 12 livros e participaram dos autógrafos 35 autores. Nazareno Tourinho, de Belém, PA, lançou, pela Editora DPL,?Experiências mediúnicas com crianças e adolescentes? e outros. Entre os 35 autores, citamos  Reynaldo Leite, Miltes Apparecida Bonna, Nelson Moraes, Saara Nousiainen (Fortaleza - CE), Dulcídio Dibo, Marlene Nobre, Irvênia Santis Prada, Jaci Régis, Sônia Rinaldi, Marilusa Moreira Vasconcelos, Amilcar Del Chiaro, Cesar Perri, Wilson Garcia, Terezinha de Oliveira.

    Merecem destaque as experiências bem-sucedidas apresentadas por alguns órgãos e centros espíritas unidos à USE-SP: Como fundar o 1º centro espírita numa cidade, pela USE Intermunicipal de Rio Claro; O estudo de O Livro dos Espíritos - USE Regional de Santos; Atendimento Fraterno - USE Intermunicipal de Praia Grande; Anjo da Guarda, Centro Espírita fundado em 1883, uma grande experiência - USE Regional de Santos; Escola Interativa, a humanização da escola - USE Intermunicipal de Ribeirão Preto, por Adalgiza Balieiro; Projeto AUFA - auxílio à família, experiência do C.E. Francisco de Assis, de São Paulo, por Sinuhê da Silva; e FeirAmor - experiência para arrecadar fundos para manutenção de atividades da Casa Espírita, pela USE Intermunicpal de Bauru - Neli Del Nery Prado.

    Além das palestras, cursos de artesanato, exposições e venda de livros, exposições de arte pararrealista e quadros mediúnicos, trouxeram muitas alegrias e risos grupos musicais e grupos teatrais com o Cirquinho da Alegria, Pluft, o fantasminha e o Mágico de Oz fizeram a alegria dos ?baixinhos?. Participaram os seguintes grupos musicais: Mãos unidas e Fonte Viva, ambos de São Bernardo do Campo; Grupo vocal Amigos para Sempre, de Santo André; Lia J.M. Peres e seus alunos - Escola aprenda música, da Vila Maria, Sérgio Sachi e banda; Grupo Vocal Sábado de Sol da Seara Bendita, de Campo Belo; Grupo Interação, de Perdizes; Demétrius e Coral Mínimus, do Tatuapé, Grupo Musical João Cabete, da Praia Grande, Grupo de Canto Voz da Manhã, de S. Bernardo Campo, Grupo Sol Si Samba, de S. Miguel Paulista; Marcos Maia e Sílva Liz, Grupo Nova Aurora, de Santo Amaro, Amornizando, de Osasco; Grupo Vocal Cantares, de Diadema; Grupo Ponteio, da Penha; Marisa Cajado, do Guarujá; Coral do Jecal, Vozes Eternas e Dupla Clever e Vitor, de Guarulhos.

    Antecedendo a palestra de abertura de Divaldo Pereira Franco foram apresentados números musicais pelo violinista Leandro Gomes Pereira e Violonista Fábio Ribeiro e ao final, antecedendo o encontro ecumênico, a conhecida cantora Paula Zamp.

    Sônia Rinaldi, Presidente da Associação dos Transcomunicadores fez a explanação dos resultados recentes da primeira pesquisa científica da TCI, e os surpreendentes resultados a favor da sobrevivência após a morte. Após sua palestra, em outro auditório, reuniu os associados da  ANT para um experimento e foram obtidas algumas transcomunicações via instrumentos.

    Foram arrecadados, nos três dias do evento, cerca de 3 toneladas de alimentos não perecíveis, que serão distribuídos entre as entidades participantes que mantêm serviços assistenciais.



Revista de Psiquiatria Clínica (USP), 27 (2) 2000, Brasil

Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (Neper)
Alexander Moreira de Almeida(1), Hyong Jin Cho(2), Jorge W. F. Amaro(3), Francisco Lotufo Neto(4)

    As dimensões espirituais e religiosas da cultura estão entre os fatores mais  importantes que estruturam a experiência humana, as crenças, os valores, o comportamento e os padrões de adoecimento (Lukoff, 1992; Sims, 1994; Amaro, 1996; Weaver, 1998). Apesar disso, a psiquiatria, em seus sistemas  diagnósticos, bem como em sua teoria, pesquisa e prática, tende a ignorar ou a  considerar patológicas as dimensões religiosas e espirituais da vida (Lukoff,   1992; King, 1998). Assim como a religiosidade é tradicionalmente vista de modo   negativo pela psiquiatria, as experiências místicas e espirituais são tidas como evidências de psicopatologia (Lukoff, 1992).

    Fato relevante é que essas visões negativas da religião e da espiritualidade não se mantêm à luz de recentes estudos que não encontram associação entre esses fatores e a psicopatologia (Lotufo Neto, 1997). Para a maioria das pessoas, religião e espiritualidade são mais fonte de suporte e bem-estar que evidência de psicopatologia (Lukoff, 1995). Trabalhos têm relatado que pessoas que vivenciam experiências místicas pontuam menos em escalas de psicopatologia e mais em medidas de bem-estar psicológico que controles (Lukoff, 1992).

    Levantamentos da última década têm mostrado que experiências extra-sensoriais dissociativas são comuns na população geral (Ross, 1990; Ross, 1992; Levin, 1993) e, freqüentemente, não estão associadas a transtornos psiquiátricos em populações não-clínicas (Heber, 1989).

    A despeito dessas sinalizações que apontam para uma mudança de postura diante dos fenômenos religiosos e espirituais, revisões sistemáticas em quatro das mais importantes revistas de psiquiatria do mundo expuseram um quadro preocupante. Larson (1986) detectou que apenas 2,5% dos artigos dessas revistas, entre 1978 e 1982, utilizaram alguma variável religiosa. Uma repetição da mesma pesquisa, abrangendo de 1991 a 1995, apontou uma queda para 1,2% (Weaver, 1998). E mesmo essa minoria de artigos que utilizou alguma variável religiosa geralmente o fez por meio de um único item, ao invés dos métodos multidimensionais, que são os mais indicados para pesquisas em  religião (Larson, 1986; Lotufo Neto, 1997; Weaver, 1998).

    A Associação Psiquiátrica Americana deu um passo importante na revisão dessa insensibilidade cultural da psiquiatria ao incluir no DSM-IV uma nova  categoria diagnóstica: Problemas Espirituais e Religiosos, que foi incluída no eixo I, no item "Outras condições que podem ser um foco de atenção clínica"   (APA, 1994; Turner, 1995). Essa nova categoria foi incluída porque "continuar  a negligenciar as questões espirituais e religiosas perpetuaria as falhas que a psiquiatria tem cometido nesse campo: falhas de diagnóstico e tratamento,   pesquisa e teoria inadequadas e uma limitação no desenvolvimento pessoal dos próprios psiquiatras" (Lu, 1994). Pela primeira vez, no DSM, há o   reconhecimento de que problemas religiosos e espirituais podem ser o foco de   uma consulta e do tratamento psiquiátrico e que muitos desses problemas não  são atribuíveis a um transtorno mental (Lukoff, 1995). Os problemas religiosos são: conversão para uma nova religião, intensificação na aderência a crenças e  práticas, perda ou questionamento da fé e novos cultos e movimentos  religiosos. Dentre os tipos de problemas espirituais, temos: experiências  místicas, experiências de quase morte, emergência espiritual e meditação  (Turner, 1995). Como Gabbard (1982) afirmou: "É incumbência dos psiquiatras  estarem familiarizados com o amplo leque de experiências humanas, saudáveis ou patológicas. Precisamos respeitar e diferenciar as experiências incomuns, mas integrativas, das que são (...) desorganizadoras". Os benefícios almejados com a adoção dessa nova categoria são: aumentar a acurácia diagnóstica e reduzir a iatrogenia decorrente do diagnóstico equivocado dos problemas espirituais e religiosos, melhorar o tratamento ao estimular pesquisas clínicas e ao encorajar a inclusão das dimensões religiosas e espirituais da experiência  humana no tratamento psiquiátrico (Lu, 1994).

    O Brasil, devido à sua grande diversidade religiosa, encontra-se numa posição privilegiada para fazer avançar o nosso conhecimento sobre o tema. O estudo desses tópicos em nosso meio pode colaborar muito na melhor compreensão dos fenômenos tão disseminados e enraizados em nossa cultura, que é o que se espera da pesquisa nacional (Ramadam, 1996). Considerados como experiências subjetivas, os fenômenos religiosos e espirituais podem ser investigados com confiabilidade do mesmo modo que a ansiedade, a depressão ou qualquer outro grupo de vivências. Para estudar cientificamente essas questões, não é necessário tomar qualquer decisão sobre sua realidade objetiva. Elas podem ser pesquisadas em suas correlações clínicas com qualquer outro conjunto de dados (Ross, 1992; Hufford, 1992; King, 1998).

    Problemas religiosos e espirituais necessitam ser objeto de mais pesquisas  para melhor compreender sua prevalência, características clínicas, fatores  predisponentes interpsíquicos e intrapsíquicos, evolução, relação com o ciclo  vital e fatores étnicos. Duas áreas de particular importância para futuros  estudos são o diagnóstico diferencial e o tratamento. Uma maior elaboração do diagnóstico diferencial entre os problemas espirituais e religiosos e os  transtornos mentais com conteúdos espirituais e religiosos. Diretrizes de  tratamento deverão ser estabelecidas para aliviar tais pacientes e evitar  iatrogenias decorrentes do uso de terapêutica inadequada (Turner, 1995).

    Baseando-se nessa nova classe do DSM-IV, tendo em vista a diversidade  religiosa do Brasil e a carência de estudos na área, foi fundado no Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP o Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e   Religiosos (Neper). Seu objetivo é o estudo, a pesquisa e a assistência de  questões religiosas e espirituais segundo o enfoque científico da moderna  psiquiatria, não vinculado a nenhuma corrente filosófica ou religiosa. Seus  integrantes já desenvolveram tese sobre psiquiatria e religião (Neto, 1997),  livro e artigos sobre psicoterapia e religião (Amaro, 1994, 1995a, 1995b, 1995c, 1995d, 1996a, 1996b, 1996c), bem como pesquisa de campo sobre "cirurgia  espiritual" (Almeida, 1999). Foi realizado um seminário sobre "Terapia Familiar e a Comunidade Religiosa" com a Dra. Martha Robbins, professora do   Psychology Western Institute of Psychiatry em Pittsburg, EUA. Periodicamente,  são realizados seminários de discussão de artigos e projetos abertos a todos  os profissionais da área de saúde. Pesquisas estão sendo planejadas, assim como um programa de prevenção em saúde mental a ser desenvolvido nas  comunidades religiosas. Almejamos que o Neper colabore na reversão da  insensibilidade cultural da psiquiatria, na produção e difusão do saber ligado  aos problemas espirituais e religiosos.

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1 Residente,  2 Residente,   3 Professor Associado,  4 Prof. Dr. Coordenador do Amban
Departamento de Psiquiatria da FMUSP   Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas _ FMUSP
Rua Dr. Ovídio Pires de Campos s/no _ CEP 05403-010 _ São Paulo, SP



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