Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 08 - Número 393 - 2000             13 de junho de 2000

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Textos
Das Trevas da Idolatria às Luzes da Espiritualidade, Rogério Coelho, Brasil

“Jesus Se chamava a Si mesmo de Semeador, porque conhecia o lento processo da semeadura e da  germinação das idéias”.
- Herculano Pires

    Existe uma unanimidade em todas as ciências que estudam o homem e tudo o que se liga ao seu desenvolvimento: é a noção de que ele parte das formas inferiores da animalidade, até alcançar os níveis superiores da inteligência.   Tal a interpretação que se pode depreender da psicologia, da biologia, da sociologia, da história, da antropologia, da arqueologia e da paleontologia.   E onde todas essas ciências param, o Espiritismo desvela mais à frente o ainda imensurável panorama espiritual cujos acumes ainda nem de longe sonhamos perceber em toda sua pujança e extensão!...  (Jesus se referiu a esse horizonte quando disse que lá teríamos Vida, mas Vida Abundante).
    Os diversos patamares evolutivos que albergaram a Humanidade desde as mais prístinas eras são conhecidos entre os estudiosos do assunto como “horizontes”.  O primeiro patamar evolutivo é conhecido como “horizonte agrário”, que se iniciou nos tempos que marcaram o início dos primeiros conglomerados tribais, quando o homem inicia seu estágio sedentário, depois de longo período de vida nômade.   Seguiram-se os seguintes níveis: “Horizonte Civilizado”, “Horizonte Profético” e finalmente o “Horizonte Espiritual”.
    Foi o próprio Cristo, com os pés plantados no “Horizonte Profético” Quem profetizou o advento do “Horizonte Espiritual”.  Podemos flagrar tal profecia no transcorrer do diálogo estabelecido entre Ele e a mulher samaritana, à beira do Poço de Jacó, ao dizer-lhe que estavam próximos os tempos em que deveriam aparecer os verdadeiros adoradores do Pai que O adorariam em espírito e verdade e não mais em templos de pedra.  Foi o golpe mortal que Ele deu para começar a demolição do carunchoso e inútil edifício da idolatria.
    Nesse passo, vamos acompanhar o lúcido raciocínio de Herculano Pires (*1):
“(...) Jesus assinala o aparecimento do “Horizonte Espiritual”, marcando o início de um novo ciclo histórico no Ocidente.   Com o Seu ensino , amplamente divulgado e aceito, as grandes concepções do passado, limitadas a pequenos círculos de iniciados ou eleitos, modelam uma nova mentalidade coletiva.   O Deus-Pai de Jesus transcende o Deus-Familiar de Abraão, Isaac e Jacó e supera a natureza tutelar dessa concepção judaica.   Por isso, o Deus evangélico não é guerreiro, mas amoroso e justo; não faz discriminações, não exige culto externo, não quer intermediários.   Como Pai Universal, o antigo Javé tribal atinge dimensões cósmicas, é o Deus dos homens e dos anjos, da terra e das “outras moradas” que existem no Infinito.
    Paulo, que exemplifica o drama da transição da consciência judaica para a cristã, adverte que Deus não deseja cultos externos, semelhantes aos dedicados às divindades pagãs, mas “um culto racional”, em que o sacrifício não será mais de plantas ou animais, mas da animalidade, ou seja, do ego inferior do homem.
A religião se depura dos resíduos tribais, despe-se dos ritos agrários e da complexidade que esses ritos adquiriram no “Horizonte Civilizado”.   Torna-se espiritual.   Os próprios apóstolos do Cristo não compreendem de pronto essa transição.   Pedro chefia o movimento que Paulo chamou “judaizante”, tendendo a fazer do Cristianismo uma nova seita judaica.   Mas Paulo é a flama que mantém o ideal do Cristo.   Inteligente e culto, é um dos poucos homens capazes de compreender a nova hora que surge, e por isso o Cristo o retira das hostes judaicas, para colocá-lo à frente do movimento cristão.
    A religião espiritual, desprovida de culto externo, iluminada pela razão, individualiza-se.  O cristão não precisa do sacramento de um sacerdote, do beneplácito de uma igreja, mas tão-somente da pureza de sua própria consciência.   O rito do batismo que Pedro exige dos novos adeptos, juntamente com a circuncisão, repugna Paulo, que o substitui pelo “batismo do espírito”, ou seja, a elucidação evangélica, seguida do desenvolvimento mediúnico.   O mediunismo profético se generaliza, porque “o espírito se derrama sobre toda a carne”, e a fé iluminada pela razão, deixa o terreno primário da crença, para elevar-se ao da convicção, através do conhecimento direto da realidade espiritual, tão clara e positiva quanto a material.   A mediunidade desenvolvida encoraja os apóstolos, que se mantêm em contato com as forças espirituais, para poderem enfrentar o poder temporal.   Os mártires, os santos e os sábios encherão o mundo de espanto, com as luzes de uma nova e vigorosa concepção da Vida, que eleva o homem acima de si mesmo.
    É evidente que tudo isso não se realiza de um dia para o outro, mas através de um lento processo de evolução social, econômica, cultural e espiritual.   Jesus Se chamava a Si mesmo de semeador, porque conhecia o lento processo da semeadura e germinação das idéias.   Sabia, também, que os princípios da Sua doutrina, do Seu ensino, teriam de sofrer as deformações naturais desse processo.   Por isso anuncia, como vemos no Evangelho de João, a Vida do Consolador, do Paráclito, do Espírito de Verdade, incumbido de restabelecer a pureza da seara, separando o joio do trigo.  O horizonte espiritual se abre em espirais crescentes sobre o mundo:  primeiro, num círculo restrito de apóstolos e adeptos, oferece o modelo de uma nova ordem; depois, espalha-se pela terra, modificando as consciências, mas comprometendo-se com os elementos da velha ordem; por fim, domina o mundo, mas impregnado das heranças mitológicas; e só consegue romper as perspectivas apocalípticas de “um novo Céu e uma nova Terra”, através da Reforma e do Espiritismo.
    Quando os homens atingiram o nível necessário de conhecimentos, para voltarem à verdadeira concepção cristã, tornando-se capazes de compreender o que o Cristo havia ensinado e o que não pudera ensinar na Sua época, segundo as Suas próprias palavras, então a revolta sacudiu a Igreja e o Espírito derramou-se fartamente sobre toda a carne.   Lutero encarnou a luta contra o paganismo idólatra que invadira, como terrível joio, a seara cristã.   Combateu corajosamente o comércio de indulgências.   Reclamou e impôs a volta a Cristo e aos textos esquecidos do Seu Evangelho.   Mas depois de Lutero viria o Espírito da Verdade, para impor o retorno não somente à letra, aos textos, e sim ao próprio espírito do Evangelho, à essência espiritual do Cristianismo.  E Kardec iniciaria o grande movimento doutrinário de restabelecimento do ensino de Jesus, sob a égide da Falange do Espírito da Verdade.
    É por isso que vemos, na propagação do Espiritismo, repetirem-se os milagres da fé e da coragem dos cristãos primitivos.   Completa-se, com a era do Consolador, o ciclo espiritual iniciado há dois mil anos, pelo próprio Cristo.   Os mártires se entregavam às chamas e às feras, porque sabiam existir uma realidade supraterrena, e não por apenas crerem nessa realidade.   Entre os Espíritas veremos a mesma coisa.  O escritor inglês Denis Bradley conclui o seu livro, “Rumo às Estrelas”, declarando peremptoriamente: “Eu não creio.  Eu sei”.   É essa convicção poderosa, resultante do desenvolvimento da mediunidade positiva, que faz o movimento espírita enfrentar todas as forças organizadas do mundo, desde o púlpito até à cátedra, para sustentar uma nova concepção da Vida e do mundo.
Kardec explica, em “A Gênese”, capítulo primeiro, por que o Espiritismo só poderia surgir em meados do século dezenove, depois da longa fermentação dos princípios cristãos da Idade Média e do desenvolvimento das ciências na Renascença.  Escreveu ele:
    “O Espiritismo, tendo por objeto o estudo dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maioria das ciências.  Só poderia, pois, aparecer, depois da elaboração delas.   Nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo explicar-se apenas pela lei da matéria”.
    Como se vê, da conjugação dos elementos materiais e espirituais, em evolução simultânea, resulta o clima que permite ao mundo atingir a plenitude do “Horizonte Espiritual”, onde a mediunidade positiva se torna a fonte de esclarecimento e orientação dos problemas do espírito.   Graças a ela, o homem se emancipa da tutela dos ritos e cultos primários”.
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*1  - Herculano Pires “O Espírito e o Tempo” – Capítulo V, item 4 - Edicel



Ninguém Morre; Ante o Além por Emmanuel (Espírito)


NINGUÉM MORRE

Não reclames da Terra
Os seres que partiram.
Olha a planta que volta
Na semente a morrer.

Chora, de vez que o pranto
Purifica a visão.
No entanto, continua
Agindo para o bem.

Lágrima sem revolta
É orvalho de esperança.
A morte é a própria vida
Numa nova edição.

ANTE O ALÉM

A vida não termina
Onde a morte aparece.
Não transformes saudade
Em fel nos que se foram.

Eles seguem contigo,
Conquanto de outra forma.
Dá-lhes amor e paz,
Por muito que padeças.

Eles também te esperam
Procurando amparar-te.
Todos estamos juntos,
Na presença de DEUS.

EMMANUEL
Psicografia de Chico Xavier




Comentários
Catolicismo e Espiritismo, Pedro Vieira, Brasil

 Dúvidas entre o Catolicismo e Espiritismo, Fabio Henrique Gelonose, Brasil (Boletim 389)

        Caro Fabio, senti-me particularmente atraído a responder-lhe, por ter, pessoalmente, estado militando durante alguns anos nas lides católicas e, de certa forma, ter tido contato com vários de seus estudos teológicos.
        Tentarei ser sucinto e direto e responder uma a uma suas colocações, esclarecendo sobre o que falamos e tentando dar mecanismos espíritas de análise que pretendem ajudá-lo a analisar as questões. Vamos a elas.

>     Em primeiro lugar, sobre a "Santíssima Trindade". Ela existe para os espíritas? São vistos "Deus, Jesus e o Espírito Santo" como uma única Entidade no espiritismo? Seria Jesus o próprio Deus Criador do universo ou um Espírito puro, muito evoluido, próximo de Deus?

        Em primeiro lugar, gostaria que se referisse ao Boletim do GEAE de número 388, Ano 8, a matéria escrita pelo confrade Paulo Sobrinho, entitulada: "A Divindade de Jesus", mais especificamente a parte final que, baseada em diversos autores, fala da "Trindade".
        Na Igreja de Roma, Fábio, há a divisão clara entre duas fontes ditas principais de informações teológicas: as "Sagradas Escrituras" e a "Sagrada Tradição". O dogma da Santíssima Trindade encontra-se muito mais na segunda do que na primeira, sendo que algumas pessoas utilizam-se de frases de Jesus tais como: "Eu e o Pai somos senão um" para tentar dar bases argumentativas a ele. Analisemos o que vem a ser a dita "Sagrada Tradição": o conjunto de todas as "verdades de fé" enunciadas pelos Papas e por algumas informações de diversas origens, supostamente "averiguadas" e autorizadas pela Igreja como verdades, mesmo que não constem especificamente das Escrituras.
        Vamos a um pouco de história. Sabemos que a Igreja foi criada pelo imperador romano Constantino, no século IV d.C. O Império Romano, como um dos maiores impérios da História e seu caráter conquistador e suas dimensões inigualáveis, possuía povos das mais diversas culturas e orientações
filosóficas entre eles. Sendo assim, quando o Cristianismo Primitivo (isento de símbolismos, sacramentos, hierarquisa sacerdotal, etc) tornou-se a "religião oficial do Império", foi naturalmente necessário mesclá-lo com uma série de crenças e seitas mitológicas que incorporaram ao então criado Catolicismo uma
série de mitos então participantes das crenças pagãs romanas, daí a semelhança imensa que a mitologia católica carrega de várias e várias culturas, principalmente naquilo que tange à "Sagrada Tradição".
        O Espiritismo propõe-se a ser o Cristianismo Redivivo. Isto é, pretende, excluindo todo o corpo mitológico, sacerdotal e dogmático que atribuíram ao Cristianismo, ir em busca das Verdades do Cristo. Sendo assim, não há razão para que ainda carreguemos conceitos tais como a "Santíssima Trindade", pois
que a lógica, o bom senso, o estudo histórico, confirmados pelos ensinos dos Espíritos nos mostram que:
        * Deus é único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom
        * Deus não é um Espírito, nem uma entidade compreensível a nossa razão por enquanto. Portanto, não convém atribuir a Deus nenhum caracter humano, tal como encarnação, personalidade, etc. "Deus é a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas". No seu "O Livro dos Espíritos" repare que Kardec pergunta aos Espíritos: "Que é Deus?" e não "Quem é Deus?" na pergunta número 1.
        * Jesus é um Espírito como nós, no entanto muito mais evoluído espiritualmente, que, no planeta Terra, assume o papel de modelo maior moral de nossas vidas. Seremos como Jesus, após muito aprender em nossos caminhos da evolução.
        Não há mistérios nem complexidades.

>     Sobre a "Instituição da Eucaristia" descrita no Evangelho ( São Lucas 22, 14-20), onde Jesus diz que o pão "é o meu corpo" e o vinho "é o meu sangue" e pede "fazei isso em memória de mim". Talvez seja pretenção minha, mas o que Jesus quis dizer com isso? Seria só uma metáfora o pão o vinho?

        Tive a oportunidade de realizar pelo IRC-Espiritismo (http://www.irc-espiritismo.org.br) uma Palestra Virtual com o tema: "Os Sacrifícios e a Adoração a Deus" (07/05/1999) - disponível integralmente no site supra-citado -, em que uma das perguntas que foram feitas foi exatamente
concernente a isso, que acho que vem de encontro à sua pergunta. Vejamos.

"       <_Moderador_> [11] <ILLA> Qual é o significado do sacrifício do vinho e do pão de Jesus na última ceia?
        <Pedro_Vieira> É ótimo termos uma pergunta assim. Para o povo judeu, o "pão" representava o fruto da terra, a matéria. O "vinho" representava o que se extrai do trabalho. Jesus transmutou a noção de matéria e de trabalho quando disse: "Tomai todos e comei. Este é o meu sangue" - referindo-se que o fruto do trabalho não poderia ser senão o do sacrifício do próprio esforço, do próprio sangue - "que será derramado por vós e por todos para a remissão de vossos erros" - nos falando que essa atitude de santificar o sacrifício do próprio trabalho traria para nós a paz espiritual. "Fazei isto em memória de mim" - incitando-nos a todos a colocarmos em lugar de simbolismos e de sacrifícios externos o nosso próprio "sangue", nosso esforço, nossa luta, nosso trabalho em nós mesmos e nos nossos corações. "Este é o meu sangue, é o sangue da nova e da eterna aliança" - representando essa aliança que veio fazer entre a noção de sacrifício e a noção de auto-aprimoramento. Acho que a análise das palavras de Jesus responde o sublime significado que teve a última ceia na correta conceituação dos sacrifícios em todos os tempos (t)"

>     E por último, sobre a "Ressureição" de Jesus.(São João 20,  1- 23)  Eu sempre acreditei na reencarnação, contradizendo o catolicismo, e concordo  com as explicações sobre Reencarnação e Ressureição dos Livros dos Espíritos e dos Médiuns.  Mas estou tentando entender o que aconteceu nessa passagem do Evangelho. Pelo catolicismo foi o corpo de Jesus que "reviveu" após 3 dias da  sua morte. E para o Espiritismo?

        Mais uma vez, nas atividades do IRC-Espiritismo tive recentemente, no serviço de "Perguntas e Respostas" - que conta com vários colaboradores-, oportunidade de responder a um companheiro que questionava exatamente sobre a ressurreição e o corpo de Jesus. A resposta é mais ou menos longa, porque trata dos casos bíblicos da dita ressurreição, além da ressurreição de Jesus, mas como o amigo mostrou-se interessado no estudo, estarei colando-a aqui para que o material seja de alguma valia. Vejamos.

"       Não é a Doutrina Espírita que diz que a crença hebraica da ressurreição da carne é impossível, mas a ciência. Com o conhecimento molecular, mais especificamente a química orgânica juntamente com a fisiologia e anatomia dos corpos, pudemos perceber que as mesmas moléculas orgânicas - rearrumadas - que formam um corpo físico pertenceram a outros corpos que, por meio da decomposição, cederam seu material orgânico "de volta ao pó", no dizer de Jesus. Sendo assim, admitindo a possibilidade de uma retomada dos corpos físicos no dia de um suposto juízo final, estaríamos frente a uma incoerência
científica, a menos que admitíssemos que os corpos de todos ficariam "concatenados" (braço de um foi um pedaço do fígado de outro, etc). Como se vê a crença se sustentava sobre um desconhecimento científico da realidade molecular dos seres. A ciência, desde há alguns séculos, mostrou, com a descoberta dos seres decompositores, sua impossibilidade. E contra a ciência não há argumentos possíveis. São possíveis pontos de vista pessoais que se choquem com as observações científicas, mas não terão valor de argumentos,
definitivamente, já que o absurdo lhes é provado cabalmente, não havendo mais espaço a discussões sobre o assunto.
        Vejamos o porquê do nascimento então dessa mitologia hebraica, historicamente. Os hebreus tinham a consciência da sobrevivência do ser após amorte. Tal lhes havia sido insistentemente revelado. No entanto, analisemos que não seria possível a eles compreender a existência de um ser alheio ao corpo
físico, desde que estavam ainda engatinhando no conhecimento de Deus. Para que o povo conhecesse a realidade espiritual era necessário primeiro ser capaz de conhecer as Leis de Deus, com Jesus e o amadurecimento pela razão e pela experiência, com os séculos. Logicamente, portanto, a crença na sobrevivência post mortis deveria ser vinculada à idéia do corpo físico. Renasceriam com o mesmo corpo - porque sem eles não conseguiam admitir que houvesse vida. "Vida" era vida física, tal era o limite de sua compreensão. A partir daí, a mitologia judaica compôs a crença na ressurreição da carne, que, como vimos, com o advento da ciência - e do conhecimento espiritual - não se sustenta hoje em dia.
        Acho que com isso respondemos a primeira parte de sua pergunta. Vamos à segunda, que será dividida no caso a caso.
        Em primeiro lugar o caso da filha de Jairo e de Lázaro. Na filha de Jairo Jesus diz claramente: "Ela dorme", no caso de Lázaro as narrativas bíblicas nos mostram que já estava há 3 dias e o corpo já fedia. Na medicina existe um fenômeno chamado catalepsia, que é a "morte" temporária de uma parte
do corpo humano, e sua generalização - no caso de uma morte aparente que só instrumentos capazes conseguem detectar, tendo toda aparência - chamada letargia. A letargia, mostram os anais da medicina, contém casos idênticos ao de Lázaro, onde o "morto" (não há atividade alguma, somente um mínimo do mínimo que só consegue ser detectado por aparelhos) chega a ter o corpo entrando em decomposição e tem todas as aparências de morte. Muitas pessoas foram enterradas erroneamente por fenômenos letárgicos. A fala de Jesus em relação à filha de Jairo é perfeita: "Ela dorme". E é realmente isso que ocorre na
letargia.
        A Doutrina Espírita nos mostra que sob o influxo magnético - e o magnetismo de Jesus era fortíssimo, por sua elevação espiritual - é possível "acordar" uma pessoa do estado letárgico, muito provavelmente insuflando fluido vital em seu corpo físico. A desencarnação, ou seja, o desligamento do Espírito do seu corpo físico, é um processo sem retorno. A letargia, como simplesmente uma doença, por assim dizer, não. Daí o caráter de cura e não de ressurreição, que, mais uma vez, a ciência nos traz o conhecimento com a narração de diversos casos semelhantes em todo o mundo desde então, pela Medicina.
        Vamos agora à dita "ressurreição" de Jesus. O amigo lembra-se das narrações bíblicas onde Jesus mostrava-se aos apóstolos e eles não o reconheciam? Que seu "novo corpo" tinha propriedades especiais, tais como passar pelas paredes? O Espiritismo nos mostra que esse estado etéreo não é o corpo físico, mas o corpo perispiritual. Após o desencarne, o Espírito permanece com um corpo perispiritual - que é o intermediário entre o Espírito e o corpo físico para a encarnação - que é moldado ao corpo físico. O que os médiuns clarividentes vêem é o corpo perispiritual dos Espíritos que lhes aparecem.
        A isso o amigo faria duas objeções: 1) Por que Jesus podia ser tocado e interagir com a matéria?; 2) Por que o corpo de Jesus sumiu?
        Vamos respondê-las.
        No interior de MG, há alguns anos atrás, havia um médium que realizava, para fins de estudo para um grupo selecionado, reuniões de materialização. Na reunião de materialização, o Espírito absorve fluidos do médium (ectoplasma) para tornar o seu perispírito visível a todos e tangível. Nessas reuniões havia um Espírito que se manifestava vez por outra conhecido como "Dr. Palmadinha" (apelidaram-no assim), porque, para mostrar que era tangível, passava por todos dando um tapinha nas costas de cada um. Espíritos na natureza de Jesus, por exemplo, têm a capacidade de absurver ectoplasma com uma facilidade incrível, tornando, assim, seu corpo perispiritual tangível e completamente capaz de interagir com a matéria, como se estivesse vivo, por um tempo limitado, como sempre fazia. A Doutrina Espírita nos mostra diversos casos como esse (Espíritos que deixam molde em gesso, que transportam flores, etc), não sendo, portanto, nada desconhecido o fato de ter Jesus interagido com a matéria utilizando seu corpo perispiritual. O corpo perispiritual tem as capacidades de flutuação sobre o solo, atravessar paredes, etc, exatamente como relatado no NT.
        Quanto ao corpo de Jesus, convidamos o amigo ao seguinte raciocínio: imagine o amigo que o corpo do Cristo não tivesse sumido, realmente. Séculos e séculos se passaram com vendilhões de sua imagem, exploradores de sua existência, que, em nome dele, cometeram as mais atrozes barbaridades. Imagine
se somado a isso a idolatria fosse somada à existência dos restos do corpo de Jesus. O orgulho humano, amigo, e sua vaidade certamente deturpariam muito mais as coisas do que foram deturpadas.
        Mais uma vez a Doutrina Espírita nos vem ao socorro. Os Espíritos são capazes de transportar objetos de um lugar a outro, fazendo-os, sob o nosso ponto de vista, "sumir" ou "desmaterializar-se". Experiências científicas levadas a cabo pelo IBPP (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas),
ligado à USP (Universidade de São Paulo), pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade a respeito do Aporte estão relatadas, entre outros, no livro: "Espírito, Perispírito e Alma - Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico", da editora FEESP. Jesus, logicamente, sabendo que tipo de conseqüências funestas aconteceriam, pode ter-se utilizado do Aporte para desmaterializar seu corpo físico. Tal é uma hipótese, fundamentada em estudos e experimentos científicos de comprovação cabal, como possibilidade.
        A todos esses relatos bíblicos somamos mais um argumento: a crença na ressurreição da carne é muito anterior ao Cristo. Os homens que narraram, várias décadas após a morte de Jesus, os fatos, logicamente tinham-na em mente e narraram segundo a sua compreensão dos fatos. Se uma pessoa que só conhece a selva tentasse narrar uma cidade, certamente utilizaria parâmetros e imagens comuns ao seu dia a dia, para descrever prédios como "grandes árvores brilhantes", tal qual uma pessoa que tem seu conhecimento arraigado a determinada crença. Por isso é de se esperar o exagero e a tendência à
narrativa, por assim dizer, tendenciosa, mesmo não intencionalmente. Razoável?
        Concluindo, amigo: não é necessário apelar-se a materialismos que liguemos seres imortais à matéria física, sendo que a bondade e a sabedoria de Deus nos coloca à frente a uma realidade imperecível aos olhos da matéria: o Espírito. A época de vinculação material dos conceitos espirituais já se passou, amigo. Por isso os conceitos que os vinculem de maneira íntima - Espírito e matéria - são, apesar de historicamente interessantes, sem valia dentro do conhecimento atual da realidade espiritual, num grau de
amadurecimento maior da inteligência e da experiência do ser humano e da humanidade em geral."
        Fique o amigo Fábio completamente à vontade em levantar questões sobre o Espiritismo. Um ou outro leitor terá maior ou menor interesse sobre um assunto específico, e pela troca de experiências é que iremos contruindo maior base de conhecimento e sustentação em busca de uma compreensão melhor de nós mesmos e do mundo que nos cerca.

        Muita paz a ti.
        O amigo Pedro Vieira.
        pvieira@celd.org.br



Sofrimento e Ação Divina, por Anselmo (Espírito), Paulo Eduardo Castaldi, Brasil


Olá Querida Amiga Vanessa,

Bem, fiquei muito contente em receber seu e-mail,
Vou tentar responder algumas questões que você formulou, porém, é claro, não sou dono da verdade absoluta, pois meus conhecimentos são limitados.
Se você é uma pessoa que se sente feliz, tem consciência da sua condição de privilegiada do Amor Divino, com certeza fez e faz por merecer esta felicidade !!!
Porém, como você sabe, existem pessoas infelizes em todos os cantos. Cada qual enxerga sua "ventura" ou "desventura" conforme a lente que põe diante dos olhos.
O sofrimento é benção divina que regenera o coração empedrecido. A causa das dores e dos sofrimentos estão nesta ou noutras encarnações. Cada um colhe aquilo que planta !
Ninguém ignora os motivos pelos quais sofrem, isto é, se a causa for desta encarnação, tem plena consciência dos fatos, porém se for de encarnações passadas, as causas estão lá no seu inconsciente. O esquecimento das causas passadas, que hoje lhes fazem sofrer, é providencial. Nenhum ser humano regenerar-se-ia, se tivesse plena consciência das suas faltas pretéritas.
Antes de reencarnar, o espírito é instruído e preparado para adentrar ao vaso denso do corpo carnal. A prova da reencarnação é o exame final, em que o "aprendiz" demonstrará que aquelas "tendências" e "vícios" passados estão extirpados do seu espírito, por isto, se tivesse lembranças de fatos passados e do trabalho a ser executado, não valeria de nada a prova, pois estaria sendo "colada", portanto o resultado seria duvidoso. Para Deus e nossa consciência não pode haver dúvida !
Deus é igualmente bom e justo para com todos. Qual o pai que vê o filho em erro e não lhe corrige ? O sofrimento é corrigenda providencial, porém somente aquele que sofre é que realmente sabe o por que.
Não existe efeito sem causa. Assim o sofrimento é o efeito e causa de si mesmo. E isto ocorre em função do mau uso do livre arbítrio, nesta ou noutras encarnações.
Tome como exemplo o bando de famintos e miseráveis que habitam a África, ali como em outras partes do mesmo planeta, são áreas de "Resgate Coletivo", onde criaturas humanas que vibram na mesma faixa de frequência mental, consorciam-se conscientes e inconscientementes, em comunidades afins, com o objetivo comum de resgatarem em conjunto as causas de suas quedas.
Quantos deles, no passado esbanjavam tesouros, alimentos, água, riquezas naturais, e menosprezaram a bondade divina?, e a "caridade" que nunca praticaram ?. " O que hoje desperdiças, te faltarás amanhã ". " A Caridade que hoje negas, a implorarás no futuro ".
Isto não é vingança divina, mas simplesmente a Lei de Causa e Efeito, Deus não impõem o sofrimento ao homem para que ele cresça, é o homem que, no mau uso do seu livre arbítrio as provocam, entrando assim no ciclo de sofrimento.
Nem todos os espíritos que por aqui passam sofrem, alguns que rapidamente aprendem a lição com facilidade, evoluem mais rapidamente para Deus, porém aqueles mais indisciplinados demoram-se mais nos ciclos reencarnatórios.
Como você pode ver, Deus é Bom e Justo !

Mas, você me pergunta:-  Então com qual objetivo de Deus deixar o homem sofrer, por que Ele não o impede de fazer o mal ?
É que a decisão de fazer o bem ou o mal, é uma decisão do homem, em se tornar bom ou mal. De ser feliz ou de sofrer. Não é Deus que impõe o sofrimento ao homem, mas ele mesmo !
E qual o papel das pessoas neste processo ? - Coletivamente, estamos todos mergulhados numa mesma faixa de frequência mental, e por isto habitamos o planeta Terra.
Tendo consciência destes fatos, devemos em primeiro lugar aprimorar nosso espírito através da Reforma Íntima. Esta reforma processa-se somente através da prática da Caridade, independente de cor, credo, sexo, ou raça. A Caridade, segundo o Cristo, está em fazer o bem ao seu próximo, educar, alimentar, vestir, abrigar e amar o teu semelhante, fazendo à estes aquilo que gostaria que fizessem à ti. Assim, se te julgas privilegiada, é justo que distribua o fruto deste Amor àqueles que tem fome, sob pena de que a maçã esquecida no cesto apodreça. Assim, é que se implantará o Reino de Deus no corações dos homens.

Você me faz algumas perguntas a respeito à respeito do por que Deus não impediu a Segunda Guerra Mundial, por que Ele não impediu o holocausto dos Judeus pelos nazistas ? Por que ele não impediu a escravidão do Africanos e Índios ? - Além dessas injustiças a que se referiu, existem muitas outras que você desconhece.
Tudo isto acontece pelo uso inadequado do livre arbítrio, por parte de governantes, e até de líderes tribais. Invariavelmente eles acabam pagando pelos excessos e desmandos, vindo engrossar as fileiras de sofredores nos redutos do planeta. Porém, cabe ao homem de bem o dever de através do comportamento exemplar e digno, exemplificar a caridade e o espírito de humanidade, lutando contra as injustiças sociais. A erradicação da fome e da miséria na Terra, faz parte do programa evolutivo do Ser humano. Não é por que os sofredores e famintos do mundo são responsáveis pelo próprio infortúnio, é que vamos deixá-los a mercê da própria sorte. Temos o dever Cristão de beneficiá-los com a Caridade, pois somente com o exemplo da sua prática é que eles compreenderão a riqueza sublime da lição aprendida.

Ainda me fez algumas perguntas, do por que Deus não se ira contra os criminosos e injustos como no princípio dos tempos, provocando dilúvios, destruição de cidades ?
Sem querer entrar no mérito das veracidades contidas na Bíblia, pessoalmente respeito este Sagrado Livro, porém, é necessário saber interpretá-lo com racionalidade.
Todos os dias encontramos nos noticiários, que algum acidente natural ocorreu em alguma parte do planeta. Vulcões continuam entrando em erupção em Hokkaido (norte do Japão), desabrigando milhares de pessoas, chuvas torrenciais atingem a Europa, a América do Sul e do Norte, furacões, terremotos e maremotos devastam cidades inteiras, tempestades de raios explodem alhures, pragas devoram lavouras trazendo fome, a seca castiga populações. Com toda certeza o homem primitivo acharia que tudo isto é a fúria de Deus contra os atos dos homens infiéis. Porém, sabemos que são apenas efeitos da natureza, e que eles sempre existiram, desde a formação do planeta. Por isto volto a repetir, DEUS É SEMPRE BOM E JUSTO PARA COM TODOS!.
 Anselmo (Espírito)
06/06/2000

Paulo Eduardo Castaldi
Sorocaba, SP.
castaldi@cruzeironet.com.br



Saudações a Kardec, Ismael Gobi, Brasil


SAUDAÇÕES A KARDEC

Ressurge a aurora,   é novo sol que se agiganta,
Medievais sombras se obliteram em meio à luz,
Erguem-se  vozes  das  tumbas,   a  alma canta,
Radiosa era prometida   por  Jesus.

Avança a  caravana,  semeia  celeste mensageiro,
Por toda parte,  sábios,  peregrinos da esperança,
Nasce Kardec,  vibram os  céus  no mundo inteiro,
Lyon é o berço,  a  pátria,  a celebrada França.

A morte é vida;  a dor,  orvalho que engrandece,
Prega o Evangelho que consola em  novas lidas,
São muitas voltas que  a alma dá, nunca fenece,
Em novos corpos, róseas faces,  novas vidas.

Espiritismo,  divino facho que  esclarece e aponta,
No rumo certo, o Pai,   que a sementeira aguarda,
Cristo é caminho,  verdade, é vida que  desponta,
Allan Kardec  fonte pura à retaguarda!
       Ismael  Gobi




Painel
10 Congresso Espírita do Rio Grande do Norte, Brasil


Senhores,

 Gostaríamos que fosse publicado o nosso evento:

10 CONGRESSO ESPÍRITA DO RIO GRANDE DO NORTE
De 24 a 27 de Agosto de 2000
Local: Centro de Convenções de Natal-RN
Informações: 0** -84-222.3772

Agradecemos penhorados,

Mércia Maria Almeida de Carvalho
Presidente da CCABM - Casa de Caridade Adolfo Bezerra de Menezes
Presidente do Congresso Espírita.

Ainda este mês nosso site estará no ar, para maiores detalhes.

http://www.ccabm.org.br



3 Congresso Nacional de Espiritismo, FEP, Portugal


Caros Confrades:

Junto segue o site oficial do 3.º CONGRESSO NACIONAL DE ESPIRITISMO, de 28 a 30 de outubro de 2000 na cidade de Viseu (Portugal),  para cuja divulgação se solicita a vossa colaboração.

No decorrer das próximas semanas serão inseridos novos dados sobre o Congresso, seus participantes e eventos culturais.

 http://go.to/IIICNE-VISEU2000

Quaisquer sugestões contactar:
Federação Espírita Portuguesa
Comissária do IIICNE,
Alda Albuquerque
fep@ip.pt



Página do GEAE

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