Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
“Jesus Se chamava a Si mesmo de Semeador, porque conhecia o lento processo
da semeadura e da germinação das idéias”.
- Herculano Pires
Existe uma unanimidade em todas as ciências
que estudam o homem e tudo o que se liga ao seu desenvolvimento: é
a noção de que ele parte das formas inferiores da animalidade,
até alcançar os níveis superiores da inteligência.
Tal a interpretação que se pode depreender da psicologia,
da biologia, da sociologia, da história, da antropologia, da arqueologia
e da paleontologia. E onde todas essas ciências param,
o Espiritismo desvela mais à frente o ainda imensurável panorama
espiritual cujos acumes ainda nem de longe sonhamos perceber em toda sua
pujança e extensão!... (Jesus se referiu a esse horizonte
quando disse que lá teríamos Vida, mas Vida Abundante).
Os diversos patamares evolutivos que albergaram
a Humanidade desde as mais prístinas eras são conhecidos
entre os estudiosos do assunto como “horizontes”. O primeiro patamar
evolutivo é conhecido como “horizonte agrário”, que se iniciou
nos tempos que marcaram o início dos primeiros conglomerados tribais,
quando o homem inicia seu estágio sedentário, depois de longo
período de vida nômade. Seguiram-se os seguintes
níveis: “Horizonte Civilizado”, “Horizonte Profético” e finalmente
o “Horizonte Espiritual”.
Foi o próprio Cristo, com os pés plantados
no “Horizonte Profético” Quem profetizou o advento do “Horizonte
Espiritual”. Podemos flagrar tal profecia no transcorrer do diálogo
estabelecido entre Ele e a mulher samaritana, à beira do Poço
de Jacó, ao dizer-lhe que estavam próximos os tempos em que
deveriam aparecer os verdadeiros adoradores do Pai que O adorariam em espírito
e verdade e não mais em templos de pedra. Foi o golpe mortal
que Ele deu para começar a demolição do carunchoso
e inútil edifício da idolatria.
Nesse passo, vamos acompanhar o lúcido raciocínio
de Herculano Pires (*1):
“(...) Jesus assinala o aparecimento do “Horizonte Espiritual”, marcando
o início de um novo ciclo histórico no Ocidente.
Com o Seu ensino , amplamente divulgado e aceito, as grandes concepções
do passado, limitadas a pequenos círculos de iniciados ou eleitos,
modelam uma nova mentalidade coletiva. O Deus-Pai de Jesus
transcende o Deus-Familiar de Abraão, Isaac e Jacó e supera
a natureza tutelar dessa concepção judaica. Por
isso, o Deus evangélico não é guerreiro, mas amoroso
e justo; não faz discriminações, não exige
culto externo, não quer intermediários. Como
Pai Universal, o antigo Javé tribal atinge dimensões cósmicas,
é o Deus dos homens e dos anjos, da terra e das “outras moradas”
que existem no Infinito.
Paulo, que exemplifica o drama da transição
da consciência judaica para a cristã, adverte que Deus não
deseja cultos externos, semelhantes aos dedicados às divindades
pagãs, mas “um culto racional”, em que o sacrifício não
será mais de plantas ou animais, mas da animalidade, ou seja, do
ego inferior do homem.
A religião se depura dos resíduos tribais, despe-se dos
ritos agrários e da complexidade que esses ritos adquiriram no “Horizonte
Civilizado”. Torna-se espiritual. Os próprios
apóstolos do Cristo não compreendem de pronto essa transição.
Pedro chefia o movimento que Paulo chamou “judaizante”, tendendo a fazer
do Cristianismo uma nova seita judaica. Mas Paulo é
a flama que mantém o ideal do Cristo. Inteligente e
culto, é um dos poucos homens capazes de compreender a nova hora
que surge, e por isso o Cristo o retira das hostes judaicas, para colocá-lo
à frente do movimento cristão.
A religião espiritual, desprovida de culto
externo, iluminada pela razão, individualiza-se. O cristão
não precisa do sacramento de um sacerdote, do beneplácito
de uma igreja, mas tão-somente da pureza de sua própria consciência.
O rito do batismo que Pedro exige dos novos adeptos, juntamente com a circuncisão,
repugna Paulo, que o substitui pelo “batismo do espírito”, ou seja,
a elucidação evangélica, seguida do desenvolvimento
mediúnico. O mediunismo profético se generaliza,
porque “o espírito se derrama sobre toda a carne”, e a fé
iluminada pela razão, deixa o terreno primário da crença,
para elevar-se ao da convicção, através do conhecimento
direto da realidade espiritual, tão clara e positiva quanto a material.
A mediunidade desenvolvida encoraja os apóstolos, que se mantêm
em contato com as forças espirituais, para poderem enfrentar o poder
temporal. Os mártires, os santos e os sábios
encherão o mundo de espanto, com as luzes de uma nova e vigorosa
concepção da Vida, que eleva o homem acima de si mesmo.
É evidente que tudo isso não se realiza
de um dia para o outro, mas através de um lento processo de evolução
social, econômica, cultural e espiritual. Jesus Se chamava
a Si mesmo de semeador, porque conhecia o lento processo da semeadura e
germinação das idéias. Sabia, também,
que os princípios da Sua doutrina, do Seu ensino, teriam de sofrer
as deformações naturais desse processo. Por isso
anuncia, como vemos no Evangelho de João, a Vida do Consolador,
do Paráclito, do Espírito de Verdade, incumbido de restabelecer
a pureza da seara, separando o joio do trigo. O horizonte espiritual
se abre em espirais crescentes sobre o mundo: primeiro, num círculo
restrito de apóstolos e adeptos, oferece o modelo de uma nova ordem;
depois, espalha-se pela terra, modificando as consciências, mas comprometendo-se
com os elementos da velha ordem; por fim, domina o mundo, mas impregnado
das heranças mitológicas; e só consegue romper as
perspectivas apocalípticas de “um novo Céu e uma nova Terra”,
através da Reforma e do Espiritismo.
Quando os homens atingiram o nível necessário
de conhecimentos, para voltarem à verdadeira concepção
cristã, tornando-se capazes de compreender o que o Cristo havia
ensinado e o que não pudera ensinar na Sua época, segundo
as Suas próprias palavras, então a revolta sacudiu a Igreja
e o Espírito derramou-se fartamente sobre toda a carne.
Lutero encarnou a luta contra o paganismo idólatra que invadira,
como terrível joio, a seara cristã. Combateu
corajosamente o comércio de indulgências. Reclamou
e impôs a volta a Cristo e aos textos esquecidos do Seu Evangelho.
Mas depois de Lutero viria o Espírito da Verdade, para impor o retorno
não somente à letra, aos textos, e sim ao próprio
espírito do Evangelho, à essência espiritual do Cristianismo.
E Kardec iniciaria o grande movimento doutrinário de restabelecimento
do ensino de Jesus, sob a égide da Falange do Espírito da
Verdade.
É por isso que vemos, na propagação
do Espiritismo, repetirem-se os milagres da fé e da coragem dos
cristãos primitivos. Completa-se, com a era do Consolador,
o ciclo espiritual iniciado há dois mil anos, pelo próprio
Cristo. Os mártires se entregavam às chamas e
às feras, porque sabiam existir uma realidade supraterrena, e não
por apenas crerem nessa realidade. Entre os Espíritas
veremos a mesma coisa. O escritor inglês Denis Bradley conclui
o seu livro, “Rumo às Estrelas”, declarando peremptoriamente: “Eu
não creio. Eu sei”. É essa convicção
poderosa, resultante do desenvolvimento da mediunidade positiva, que faz
o movimento espírita enfrentar todas as forças organizadas
do mundo, desde o púlpito até à cátedra, para
sustentar uma nova concepção da Vida e do mundo.
Kardec explica, em “A Gênese”, capítulo primeiro, por
que o Espiritismo só poderia surgir em meados do século dezenove,
depois da longa fermentação dos princípios cristãos
da Idade Média e do desenvolvimento das ciências na Renascença.
Escreveu ele:
“O Espiritismo, tendo por objeto o estudo dos elementos
constitutivos do Universo, toca forçosamente na maioria das ciências.
Só poderia, pois, aparecer, depois da elaboração delas.
Nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo
explicar-se apenas pela lei da matéria”.
Como se vê, da conjugação dos
elementos materiais e espirituais, em evolução simultânea,
resulta o clima que permite ao mundo atingir a plenitude do “Horizonte
Espiritual”, onde a mediunidade positiva se torna a fonte de esclarecimento
e orientação dos problemas do espírito.
Graças a ela, o homem se emancipa da tutela dos ritos e cultos primários”.
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*1 - Herculano Pires “O Espírito e o Tempo” – Capítulo
V, item 4 - Edicel
Não reclames da Terra
Os seres que partiram.
Olha a planta que volta
Na semente a morrer.
Chora, de vez que o pranto
Purifica a visão.
No entanto, continua
Agindo para o bem.
Lágrima sem revolta
É orvalho de esperança.
A morte é a própria vida
Numa nova edição.
ANTE O ALÉM
A vida não termina
Onde a morte aparece.
Não transformes saudade
Em fel nos que se foram.
Eles seguem contigo,
Conquanto de outra forma.
Dá-lhes amor e paz,
Por muito que padeças.
Eles também te esperam
Procurando amparar-te.
Todos estamos juntos,
Na presença de DEUS.
EMMANUEL
Psicografia de Chico Xavier
Dúvidas entre o Catolicismo e Espiritismo, Fabio Henrique Gelonose, Brasil (Boletim 389)
Caro Fabio, senti-me particularmente
atraído a responder-lhe, por ter, pessoalmente, estado militando
durante alguns anos nas lides católicas e, de certa forma, ter tido
contato com vários de seus estudos teológicos.
Tentarei ser sucinto e direto
e responder uma a uma suas colocações, esclarecendo sobre
o que falamos e tentando dar mecanismos espíritas de análise
que pretendem ajudá-lo a analisar as questões. Vamos a elas.
> Em primeiro lugar, sobre a "Santíssima Trindade". Ela existe para os espíritas? São vistos "Deus, Jesus e o Espírito Santo" como uma única Entidade no espiritismo? Seria Jesus o próprio Deus Criador do universo ou um Espírito puro, muito evoluido, próximo de Deus?
Em primeiro lugar, gostaria
que se referisse ao Boletim do GEAE de número 388, Ano 8, a matéria
escrita pelo confrade Paulo Sobrinho, entitulada: "A Divindade de Jesus",
mais especificamente a parte final que, baseada em diversos autores, fala
da "Trindade".
Na Igreja de Roma, Fábio,
há a divisão clara entre duas fontes ditas principais de
informações teológicas: as "Sagradas Escrituras" e
a "Sagrada Tradição". O dogma da Santíssima Trindade
encontra-se muito mais na segunda do que na primeira, sendo que algumas
pessoas utilizam-se de frases de Jesus tais como: "Eu e o Pai somos senão
um" para tentar dar bases argumentativas a ele. Analisemos o que vem a
ser a dita "Sagrada Tradição": o conjunto de todas as "verdades
de fé" enunciadas pelos Papas e por algumas informações
de diversas origens, supostamente "averiguadas" e autorizadas pela Igreja
como verdades, mesmo que não constem especificamente das Escrituras.
Vamos a um pouco de história.
Sabemos que a Igreja foi criada pelo imperador romano Constantino, no século
IV d.C. O Império Romano, como um dos maiores impérios da
História e seu caráter conquistador e suas dimensões
inigualáveis, possuía povos das mais diversas culturas e
orientações
filosóficas entre eles. Sendo assim, quando o Cristianismo Primitivo
(isento de símbolismos, sacramentos, hierarquisa sacerdotal, etc)
tornou-se a "religião oficial do Império", foi naturalmente
necessário mesclá-lo com uma série de crenças
e seitas mitológicas que incorporaram ao então criado Catolicismo
uma
série de mitos então participantes das crenças
pagãs romanas, daí a semelhança imensa que a mitologia
católica carrega de várias e várias culturas, principalmente
naquilo que tange à "Sagrada Tradição".
O Espiritismo propõe-se
a ser o Cristianismo Redivivo. Isto é, pretende, excluindo todo
o corpo mitológico, sacerdotal e dogmático que atribuíram
ao Cristianismo, ir em busca das Verdades do Cristo. Sendo assim, não
há razão para que ainda carreguemos conceitos tais como a
"Santíssima Trindade", pois
que a lógica, o bom senso, o estudo histórico, confirmados
pelos ensinos dos Espíritos nos mostram que:
* Deus é único,
todo-poderoso, soberanamente justo e bom
* Deus não é
um Espírito, nem uma entidade compreensível a nossa razão
por enquanto. Portanto, não convém atribuir a Deus nenhum
caracter humano, tal como encarnação, personalidade, etc.
"Deus é a inteligência suprema, a causa primária de
todas as coisas". No seu "O Livro dos Espíritos" repare que Kardec
pergunta aos Espíritos: "Que é Deus?" e não "Quem
é Deus?" na pergunta número 1.
* Jesus é um Espírito
como nós, no entanto muito mais evoluído espiritualmente,
que, no planeta Terra, assume o papel de modelo maior moral de nossas vidas.
Seremos como Jesus, após muito aprender em nossos caminhos da evolução.
Não há mistérios
nem complexidades.
> Sobre a "Instituição da Eucaristia" descrita no Evangelho ( São Lucas 22, 14-20), onde Jesus diz que o pão "é o meu corpo" e o vinho "é o meu sangue" e pede "fazei isso em memória de mim". Talvez seja pretenção minha, mas o que Jesus quis dizer com isso? Seria só uma metáfora o pão o vinho?
Tive a oportunidade de realizar
pelo IRC-Espiritismo (http://www.irc-espiritismo.org.br) uma Palestra Virtual
com o tema: "Os Sacrifícios e a Adoração a Deus" (07/05/1999)
- disponível integralmente no site supra-citado -, em que uma das
perguntas que foram feitas foi exatamente
concernente a isso, que acho que vem de encontro à sua pergunta.
Vejamos.
" <_Moderador_> [11] <ILLA>
Qual é o significado do sacrifício do vinho e do pão
de Jesus na última ceia?
<Pedro_Vieira> É
ótimo termos uma pergunta assim. Para o povo judeu, o "pão"
representava o fruto da terra, a matéria. O "vinho" representava
o que se extrai do trabalho. Jesus transmutou a noção de
matéria e de trabalho quando disse: "Tomai todos e comei. Este é
o meu sangue" - referindo-se que o fruto do trabalho não poderia
ser senão o do sacrifício do próprio esforço,
do próprio sangue - "que será derramado por vós e
por todos para a remissão de vossos erros" - nos falando que essa
atitude de santificar o sacrifício do próprio trabalho traria
para nós a paz espiritual. "Fazei isto em memória de mim"
- incitando-nos a todos a colocarmos em lugar de simbolismos e de sacrifícios
externos o nosso próprio "sangue", nosso esforço, nossa luta,
nosso trabalho em nós mesmos e nos nossos corações.
"Este é o meu sangue, é o sangue da nova e da eterna aliança"
- representando essa aliança que veio fazer entre a noção
de sacrifício e a noção de auto-aprimoramento. Acho
que a análise das palavras de Jesus responde o sublime significado
que teve a última ceia na correta conceituação dos
sacrifícios em todos os tempos (t)"
> E por último, sobre a "Ressureição" de Jesus.(São João 20, 1- 23) Eu sempre acreditei na reencarnação, contradizendo o catolicismo, e concordo com as explicações sobre Reencarnação e Ressureição dos Livros dos Espíritos e dos Médiuns. Mas estou tentando entender o que aconteceu nessa passagem do Evangelho. Pelo catolicismo foi o corpo de Jesus que "reviveu" após 3 dias da sua morte. E para o Espiritismo?
Mais uma vez, nas atividades do IRC-Espiritismo tive recentemente, no serviço de "Perguntas e Respostas" - que conta com vários colaboradores-, oportunidade de responder a um companheiro que questionava exatamente sobre a ressurreição e o corpo de Jesus. A resposta é mais ou menos longa, porque trata dos casos bíblicos da dita ressurreição, além da ressurreição de Jesus, mas como o amigo mostrou-se interessado no estudo, estarei colando-a aqui para que o material seja de alguma valia. Vejamos.
" Não é a Doutrina
Espírita que diz que a crença hebraica da ressurreição
da carne é impossível, mas a ciência. Com o conhecimento
molecular, mais especificamente a química orgânica juntamente
com a fisiologia e anatomia dos corpos, pudemos perceber que as mesmas
moléculas orgânicas - rearrumadas - que formam um corpo físico
pertenceram a outros corpos que, por meio da decomposição,
cederam seu material orgânico "de volta ao pó", no dizer de
Jesus. Sendo assim, admitindo a possibilidade de uma retomada dos corpos
físicos no dia de um suposto juízo final, estaríamos
frente a uma incoerência
científica, a menos que admitíssemos que os corpos de
todos ficariam "concatenados" (braço de um foi um pedaço
do fígado de outro, etc). Como se vê a crença se sustentava
sobre um desconhecimento científico da realidade molecular dos seres.
A ciência, desde há alguns séculos, mostrou, com a
descoberta dos seres decompositores, sua impossibilidade. E contra a ciência
não há argumentos possíveis. São possíveis
pontos de vista pessoais que se choquem com as observações
científicas, mas não terão valor de argumentos,
definitivamente, já que o absurdo lhes é provado cabalmente,
não havendo mais espaço a discussões sobre o assunto.
Vejamos o porquê do
nascimento então dessa mitologia hebraica, historicamente. Os hebreus
tinham a consciência da sobrevivência do ser após amorte.
Tal lhes havia sido insistentemente revelado. No entanto, analisemos que
não seria possível a eles compreender a existência
de um ser alheio ao corpo
físico, desde que estavam ainda engatinhando no conhecimento
de Deus. Para que o povo conhecesse a realidade espiritual era necessário
primeiro ser capaz de conhecer as Leis de Deus, com Jesus e o amadurecimento
pela razão e pela experiência, com os séculos. Logicamente,
portanto, a crença na sobrevivência post mortis deveria ser
vinculada à idéia do corpo físico. Renasceriam com
o mesmo corpo - porque sem eles não conseguiam admitir que houvesse
vida. "Vida" era vida física, tal era o limite de sua compreensão.
A partir daí, a mitologia judaica compôs a crença na
ressurreição da carne, que, como vimos, com o advento da
ciência - e do conhecimento espiritual - não se sustenta hoje
em dia.
Acho que com isso respondemos
a primeira parte de sua pergunta. Vamos à segunda, que será
dividida no caso a caso.
Em primeiro lugar o caso
da filha de Jairo e de Lázaro. Na filha de Jairo Jesus diz claramente:
"Ela dorme", no caso de Lázaro as narrativas bíblicas nos
mostram que já estava há 3 dias e o corpo já fedia.
Na medicina existe um fenômeno chamado catalepsia, que é a
"morte" temporária de uma parte
do corpo humano, e sua generalização - no caso de uma
morte aparente que só instrumentos capazes conseguem detectar, tendo
toda aparência - chamada letargia. A letargia, mostram os anais da
medicina, contém casos idênticos ao de Lázaro, onde
o "morto" (não há atividade alguma, somente um mínimo
do mínimo que só consegue ser detectado por aparelhos) chega
a ter o corpo entrando em decomposição e tem todas as aparências
de morte. Muitas pessoas foram enterradas erroneamente por fenômenos
letárgicos. A fala de Jesus em relação à filha
de Jairo é perfeita: "Ela dorme". E é realmente isso que
ocorre na
letargia.
A Doutrina Espírita
nos mostra que sob o influxo magnético - e o magnetismo de Jesus
era fortíssimo, por sua elevação espiritual - é
possível "acordar" uma pessoa do estado letárgico, muito
provavelmente insuflando fluido vital em seu corpo físico. A desencarnação,
ou seja, o desligamento do Espírito do seu corpo físico,
é um processo sem retorno. A letargia, como simplesmente uma doença,
por assim dizer, não. Daí o caráter de cura e não
de ressurreição, que, mais uma vez, a ciência nos traz
o conhecimento com a narração de diversos casos semelhantes
em todo o mundo desde então, pela Medicina.
Vamos agora à dita
"ressurreição" de Jesus. O amigo lembra-se das narrações
bíblicas onde Jesus mostrava-se aos apóstolos e eles não
o reconheciam? Que seu "novo corpo" tinha propriedades especiais, tais
como passar pelas paredes? O Espiritismo nos mostra que esse estado etéreo
não é o corpo físico, mas o corpo perispiritual. Após
o desencarne, o Espírito permanece com um corpo perispiritual -
que é o intermediário entre o Espírito e o corpo físico
para a encarnação - que é moldado ao corpo físico.
O que os médiuns clarividentes vêem é o corpo perispiritual
dos Espíritos que lhes aparecem.
A isso o amigo faria duas
objeções: 1) Por que Jesus podia ser tocado e interagir com
a matéria?; 2) Por que o corpo de Jesus sumiu?
Vamos respondê-las.
No interior de MG, há
alguns anos atrás, havia um médium que realizava, para fins
de estudo para um grupo selecionado, reuniões de materialização.
Na reunião de materialização, o Espírito absorve
fluidos do médium (ectoplasma) para tornar o seu perispírito
visível a todos e tangível. Nessas reuniões havia
um Espírito que se manifestava vez por outra conhecido como "Dr.
Palmadinha" (apelidaram-no assim), porque, para mostrar que era tangível,
passava por todos dando um tapinha nas costas de cada um. Espíritos
na natureza de Jesus, por exemplo, têm a capacidade de absurver ectoplasma
com uma facilidade incrível, tornando, assim, seu corpo perispiritual
tangível e completamente capaz de interagir com a matéria,
como se estivesse vivo, por um tempo limitado, como sempre fazia. A Doutrina
Espírita nos mostra diversos casos como esse (Espíritos que
deixam molde em gesso, que transportam flores, etc), não sendo,
portanto, nada desconhecido o fato de ter Jesus interagido com a matéria
utilizando seu corpo perispiritual. O corpo perispiritual tem as capacidades
de flutuação sobre o solo, atravessar paredes, etc, exatamente
como relatado no NT.
Quanto ao corpo de Jesus,
convidamos o amigo ao seguinte raciocínio: imagine o amigo que o
corpo do Cristo não tivesse sumido, realmente. Séculos e
séculos se passaram com vendilhões de sua imagem, exploradores
de sua existência, que, em nome dele, cometeram as mais atrozes barbaridades.
Imagine
se somado a isso a idolatria fosse somada à existência
dos restos do corpo de Jesus. O orgulho humano, amigo, e sua vaidade certamente
deturpariam muito mais as coisas do que foram deturpadas.
Mais uma vez a Doutrina
Espírita nos vem ao socorro. Os Espíritos são capazes
de transportar objetos de um lugar a outro, fazendo-os, sob o nosso ponto
de vista, "sumir" ou "desmaterializar-se". Experiências científicas
levadas a cabo pelo IBPP (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas),
ligado à USP (Universidade de São Paulo), pelo Dr. Hernani
Guimarães Andrade a respeito do Aporte estão relatadas, entre
outros, no livro: "Espírito, Perispírito e Alma - Ensaio
sobre o Modelo Organizador Biológico", da editora FEESP. Jesus,
logicamente, sabendo que tipo de conseqüências funestas aconteceriam,
pode ter-se utilizado do Aporte para desmaterializar seu corpo físico.
Tal é uma hipótese, fundamentada em estudos e experimentos
científicos de comprovação cabal, como possibilidade.
A todos esses relatos bíblicos
somamos mais um argumento: a crença na ressurreição
da carne é muito anterior ao Cristo. Os homens que narraram, várias
décadas após a morte de Jesus, os fatos, logicamente tinham-na
em mente e narraram segundo a sua compreensão dos fatos. Se uma
pessoa que só conhece a selva tentasse narrar uma cidade, certamente
utilizaria parâmetros e imagens comuns ao seu dia a dia, para descrever
prédios como "grandes árvores brilhantes", tal qual uma pessoa
que tem seu conhecimento arraigado a determinada crença. Por isso
é de se esperar o exagero e a tendência à
narrativa, por assim dizer, tendenciosa, mesmo não intencionalmente.
Razoável?
Concluindo, amigo: não
é necessário apelar-se a materialismos que liguemos seres
imortais à matéria física, sendo que a bondade e a
sabedoria de Deus nos coloca à frente a uma realidade imperecível
aos olhos da matéria: o Espírito. A época de vinculação
material dos conceitos espirituais já se passou, amigo. Por isso
os conceitos que os vinculem de maneira íntima - Espírito
e matéria - são, apesar de historicamente interessantes,
sem valia dentro do conhecimento atual da realidade espiritual, num grau
de
amadurecimento maior da inteligência e da experiência do
ser humano e da humanidade em geral."
Fique o amigo Fábio
completamente à vontade em levantar questões sobre o Espiritismo.
Um ou outro leitor terá maior ou menor interesse sobre um assunto
específico, e pela troca de experiências é que iremos
contruindo maior base de conhecimento e sustentação em busca
de uma compreensão melhor de nós mesmos e do mundo que nos
cerca.
Muita paz a ti.
O amigo Pedro Vieira.
pvieira@celd.org.br
Bem, fiquei muito contente em receber seu e-mail,
Vou tentar responder algumas questões que você formulou,
porém, é claro, não sou dono da verdade absoluta,
pois meus conhecimentos são limitados.
Se você é uma pessoa que se sente feliz, tem consciência
da sua condição de privilegiada do Amor Divino, com certeza
fez e faz por merecer esta felicidade !!!
Porém, como você sabe, existem pessoas infelizes em todos
os cantos. Cada qual enxerga sua "ventura" ou "desventura" conforme a lente
que põe diante dos olhos.
O sofrimento é benção
divina que regenera o coração empedrecido. A causa das dores
e dos sofrimentos estão nesta ou noutras encarnações.
Cada um colhe aquilo que planta !
Ninguém ignora os motivos pelos quais sofrem, isto é,
se a causa for desta encarnação, tem plena consciência
dos fatos, porém se for de encarnações passadas, as
causas estão lá no seu inconsciente. O esquecimento das causas
passadas, que hoje lhes fazem sofrer, é providencial. Nenhum ser
humano regenerar-se-ia, se tivesse plena consciência das suas faltas
pretéritas.
Antes de reencarnar, o espírito é instruído e
preparado para adentrar ao vaso denso do corpo carnal. A prova da reencarnação
é o exame final, em que o "aprendiz" demonstrará que aquelas
"tendências" e "vícios" passados estão extirpados do
seu espírito, por isto, se tivesse lembranças de fatos passados
e do trabalho a ser executado, não valeria de nada a prova, pois
estaria sendo "colada", portanto o resultado seria duvidoso. Para Deus
e nossa consciência não pode haver dúvida !
Deus é igualmente bom e justo para com todos. Qual o pai que
vê o filho em erro e não lhe corrige ? O sofrimento é
corrigenda providencial, porém somente aquele que sofre é
que realmente sabe o por que.
Não existe efeito sem causa. Assim o sofrimento é o efeito
e causa de si mesmo. E isto ocorre em função do mau uso do
livre arbítrio, nesta ou noutras encarnações.
Tome como exemplo o bando de famintos e miseráveis que habitam
a África, ali como em outras partes do mesmo planeta, são
áreas de "Resgate Coletivo", onde criaturas humanas que vibram na
mesma faixa de frequência mental, consorciam-se conscientes e inconscientementes,
em comunidades afins, com o objetivo comum de resgatarem em conjunto as
causas de suas quedas.
Quantos deles, no passado esbanjavam tesouros, alimentos, água,
riquezas naturais, e menosprezaram a bondade divina?, e a "caridade" que
nunca praticaram ?. " O que hoje desperdiças, te faltarás
amanhã ". " A Caridade que hoje negas, a implorarás no futuro
".
Isto não é vingança divina, mas simplesmente a
Lei de Causa e Efeito, Deus não impõem o sofrimento ao homem
para que ele cresça, é o homem que, no mau uso do seu livre
arbítrio as provocam, entrando assim no ciclo de sofrimento.
Nem todos os espíritos que por aqui passam sofrem, alguns que
rapidamente aprendem a lição com facilidade, evoluem mais
rapidamente para Deus, porém aqueles mais indisciplinados demoram-se
mais nos ciclos reencarnatórios.
Como você pode ver, Deus é Bom e Justo !
Mas, você me pergunta:- Então com qual objetivo de
Deus
deixar
o homem sofrer, por que Ele não o impede de fazer o mal ?
É que a decisão de fazer o bem ou o mal, é uma
decisão do homem, em se tornar bom ou mal. De ser feliz ou de sofrer.
Não é Deus que impõe o sofrimento ao homem, mas ele
mesmo !
E qual o papel das pessoas neste processo ? - Coletivamente, estamos
todos mergulhados numa mesma faixa de frequência mental, e por isto
habitamos o planeta Terra.
Tendo consciência destes fatos, devemos em primeiro lugar aprimorar
nosso espírito através da Reforma Íntima. Esta reforma
processa-se somente através da prática da Caridade, independente
de cor, credo, sexo, ou raça. A Caridade, segundo o Cristo, está
em fazer o bem ao seu próximo, educar, alimentar, vestir, abrigar
e amar o teu semelhante, fazendo à estes aquilo que gostaria que
fizessem à ti. Assim, se te julgas privilegiada, é justo
que distribua o fruto deste Amor àqueles que tem fome, sob pena
de que a maçã esquecida no cesto apodreça. Assim,
é que se implantará o Reino de Deus no corações
dos homens.
Você me faz algumas perguntas a respeito à respeito do
por que Deus não impediu a Segunda
Guerra Mundial, por que Ele não impediu o holocausto dos Judeus
pelos nazistas ? Por que ele não impediu a escravidão do
Africanos e Índios ? - Além dessas injustiças a que
se referiu, existem muitas outras que você desconhece.
Tudo isto acontece pelo uso inadequado do livre arbítrio, por
parte de governantes, e até de líderes tribais. Invariavelmente
eles acabam pagando pelos excessos e desmandos, vindo engrossar as fileiras
de sofredores nos redutos do planeta. Porém, cabe ao homem de bem
o dever de através do comportamento exemplar e digno, exemplificar
a caridade e o espírito de humanidade, lutando contra as injustiças
sociais. A erradicação da fome e da miséria na Terra,
faz parte do programa evolutivo do Ser humano. Não é por
que os sofredores e famintos do mundo são responsáveis pelo
próprio infortúnio, é que vamos deixá-los a
mercê da própria sorte. Temos o dever Cristão de beneficiá-los
com a Caridade, pois somente com o exemplo da sua prática é
que eles compreenderão a riqueza sublime da lição
aprendida.
Ainda me fez algumas perguntas, do por que Deus
não se ira contra os criminosos e injustos como no princípio
dos tempos, provocando dilúvios, destruição de cidades
?
Sem querer entrar no mérito das veracidades contidas na Bíblia,
pessoalmente respeito este Sagrado Livro, porém, é necessário
saber interpretá-lo com racionalidade.
Todos os dias encontramos nos noticiários, que algum acidente
natural ocorreu em alguma parte do planeta. Vulcões continuam entrando
em erupção em Hokkaido (norte do Japão), desabrigando
milhares de pessoas, chuvas torrenciais atingem a Europa, a América
do Sul e do Norte, furacões, terremotos e maremotos devastam cidades
inteiras, tempestades de raios explodem alhures, pragas devoram lavouras
trazendo fome, a seca castiga populações. Com toda certeza
o homem primitivo acharia que tudo isto é a fúria de Deus
contra os atos dos homens infiéis. Porém, sabemos que são
apenas efeitos da natureza, e que eles sempre existiram, desde a formação
do planeta. Por isto volto a repetir, DEUS É SEMPRE BOM E JUSTO
PARA COM TODOS!.
Anselmo (Espírito)
06/06/2000
Paulo Eduardo Castaldi
Sorocaba, SP.
castaldi@cruzeironet.com.br
Ressurge a aurora, é novo sol que se agiganta,
Medievais sombras se obliteram em meio à luz,
Erguem-se vozes das tumbas, a alma
canta,
Radiosa era prometida por Jesus.
Avança a caravana, semeia celeste mensageiro,
Por toda parte, sábios, peregrinos da esperança,
Nasce Kardec, vibram os céus no mundo inteiro,
Lyon é o berço, a pátria, a
celebrada França.
A morte é vida; a dor, orvalho que engrandece,
Prega o Evangelho que consola em novas lidas,
São muitas voltas que a alma dá, nunca fenece,
Em novos corpos, róseas faces, novas vidas.
Espiritismo, divino facho que esclarece e aponta,
No rumo certo, o Pai, que a sementeira aguarda,
Cristo é caminho, verdade, é vida que desponta,
Allan Kardec fonte pura à retaguarda!
Ismael Gobi
Gostaríamos que fosse publicado o nosso evento:
10 CONGRESSO ESPÍRITA DO RIO GRANDE DO NORTE
De 24 a 27 de Agosto de 2000
Local: Centro de Convenções de Natal-RN
Informações: 0** -84-222.3772
Agradecemos penhorados,
Mércia Maria Almeida de Carvalho
Presidente da CCABM - Casa de Caridade Adolfo Bezerra de Menezes
Presidente do Congresso Espírita.
Ainda este mês nosso site estará no ar, para maiores detalhes.
Junto segue o site oficial do 3.º CONGRESSO NACIONAL DE ESPIRITISMO, de 28 a 30 de outubro de 2000 na cidade de Viseu (Portugal), para cuja divulgação se solicita a vossa colaboração.
No decorrer das próximas semanas serão inseridos novos dados sobre o Congresso, seus participantes e eventos culturais.
Quaisquer sugestões contactar:
Federação Espírita Portuguesa
Comissária do IIICNE,
Alda Albuquerque
fep@ip.pt
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