Fundado em 15 de Outubro de 1992
Boletim Semanal de Distribuição
Eletrônica
Stress é um neologismo inventado
por engenheiros ingleses para expressar o ponto de tensão máxima
capaz de causar a ruptura de uma estrutura.
Hoje em dia, com a explosão demográfica e o novo status-quo vigente, isto é, a Vida interpessoal, deixando aquela característica pachorrenta e morigerada dos velhos tempos de nossos avoengos para o frenesi e desassossego da atualidade, a palavra stress transcendeu sua etimologia e emprego inicial e hoje é sinônimo do mal do século.
O stress tem motivado a maior parte das doenças que acometem o homem moderno...
José M. Martins que fez doutorado em Psicologia Clínica nos U.S. afirma:
(...) Ao longo de sua Vida o homem moderno vai se repletando de lixo psicológico, ou seja: acumula na intimidade da personalidade situações psicológicas não equacionadas que, num processo de somatização provocam, a longo prazo, a implosão do stress.
O corpo humano possui defesas naturais para situações de conflito, mas são defesas que têm as suas limitações. O arsenal defensivo presto se esgota e o indivíduo fica à mercê dos desgastes perniciosos.
O stress, segundo Martins,
(...) é uma resposta de alerta diante de uma ameaça: O coração dispara, o sangue foge das superfícies (colapso periférico) e a criatura fica pronta para atacar ou fugir como o homem primitivo ficava diante das feras. Há descarga de hormônios no organismo, a musculatura fica tensa, pronta para a ação. O organismo tem um dispositivo automático regulador do desarme dessa tensão, mas se a situação se repete com muita freqüência, sem a respectiva resposta do esgotamento da tensão, o stress se torna crônico e daí surgem as doenças.
Se a pessoa dilui a carga descarga hormonal em uma conseqüente ação de defesa ou ataque, respondendo adequadamente ao conflito que a gerou, a situação passa, equaciona-se a situação estressante, e o seu organismo se reequilibra, voltando à normalidade.
Eliminar ou diminuir o stress nem sempre significa descansar, tirar férias, segundo ensina o psicólogo:
(...) As pessoas precisam reaprender ou permitir que aconteçam os períodos de restauração. E esse período só ocorre se houver a expressão emocional. Faz-se mister uma aprendizagem específica das relações da emoção com o corpo. A mesma parte do sistema nervoso que coordena a relação emocional é responsável, também, pelo funcionamento da digestão, da circulação, etc... Chama-se Sistema Nervoso Autônomo (SNA). Isso quer dizer que, pela lei natural, é um sistema independente, que deveria funcionar por si próprio, mas, nós estamos sempre tentando interferir nele com reações do tipo: não posso, não devo...
O stress em si não é problema.
O problema é a forma como a pessoa reage a ele, tentando bloquear
o sistema nervoso autônomo. Portanto, não é
uma situação externa que leva à doença:
O que nos faz adoecer é o jeito como a gente lida com a gente mesmo.
Há que se permitir - cada um - o seu momento de stacato.
Temos que ter a nossa ilha de sossego interno; parar as correrias, as azáfamas...
A prece e a meditação são componentes importantes de nosso arsenal defensivo; uma leitura edificante, uma música suave, relaxante, também atendem à nossa necessidade de refazimento.
Quando, porém, toda a nossa munição foi gasta e o desassossego íntimo continua; quando não estamos mais sabendo lidar conosco mesmos, recorramos a Jesus, o Médico das Almas, lembrando-nos de Suas consoladoras palavras: Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
O auto-conhecimento é outro expressivo fator de combate ao stress ; e Sócrates identificando isso, propalou alto e bom som a frase que encontrou gravada no Templo de Delfos, na Grécia: Conhece-te a ti mesmo.
Hoje em dia, a psicologia vem reafirmando a necessidade de viajarmos aos escaninhos interiores do Self.
Segundo o psicólogo espírita Adenáuer Novaes (1),
(...) A mente humana cria mecanismos de defesa para seguir as tendências arquetípicas, face à necessidade de manutenção do complexo do ego, que, ao longo do processo evolutivo, vai se estruturando com muita autonomia, e, enquanto não se encontra fortalecido, evita o desabrochar da verdadeira personalidade que é o Espírito imortal.
A própria Vida nos ensina que devemos encontrar nossa via pessoal, que se constitui na descoberta do próprio caminho traçado por Deus. Essa via é o fio condutor de nossas Vidas. Somos como a seta do arqueiro que não sabe em que direção vai, mas ela é previamente estabelecida e obedece ao impulso inicial de ir sempre para a frente.
Disse Jesus: Todo aquele, pois, que ouve as minhas palavras e as pratica, será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. Certamente que Seu objetivo não é nos ensinar técnicas de construção de fundação de casas. Ele apenas se utiliza de uma comparação de solidez da rocha à maturidade de quem segue e pratica os Seus ensinamentos.
Do ponto de vista psicológico, percebe-se que Ele nos leva à base do psiquismo humano, trazendo-nos a necessidade de perceber a dialética entre a prática e a teoria. Construir a casa sobre a rocha equipara-se a construir, na consciência, um ego estruturado sobre a segura orientação do Self. A consolidação do ego como agente consciente do Self é fundamental ao progresso espiritual. Colocar o ego em sintonia com o Self equivale a descobrir os propósitos da encarnação, isto é, o por quê e o para quê se está encarnado.
Construir a casa sobre a rocha equivale a dizer que o processo é interno, e não externo, é profundo, e não superficial.
Jesus, o inigualável Psicólogo já nos orientava a respeito da importância do autoconhecimento como fator de alforria espiritual e liberação de toda e qualquer forma de stress ao informar que O Reino dos Céus está dentro de nós. Encontrá-lo em nós mesmos, tal a finalidade da encarnação, tal o diploma da libertação, tal a profilaxia e ao mesmo tempo o antídoto para as enfermidades!...
(1) Adenáuer Marcos Ferraz de Novaes Psicologia do Evangelho Cap. 18, Ed. Fundação Lar Harmonia
O orgulho que leva indivíduo ou corporação a presumir-se infalível em seus juizos, repelindo com altivez as opiniões alheias, é o que se chama exclusivismo. No âmbito da ciência e das religiões, notadamente, esse espírito de exclusão reponta mais acentuado e mais vivo. Reside nele, incontestavelmente, a causa principal, senão única da separatividade que divide as massas religiosas, sem exceção, mesmo, do rebanho que presume ter o Cristo por inspirador e guia.
Não há negar que no exclusivismo está o germe das desinteligências e das discórdias, que tornam impraticável uma aproximação efetiva entre os que pregam em nome de Deus. Enquanto cada religião ou seita persistir na obstinação de crer-se depositária única de toda a verdade, vendo-se umas nas outras somente rivais que se devem reciprocamente combater, entre elas nunca terão fim as dissenções e os conflitos. Nem faltará quem as considere mais nocivas do que úteis, fugindo de tal forma à sua missão, qual a de congraçar os homens e desarmá-los dos propósitos que os têm mantido secularmente desunidos. No passado foi o pernicioso exclusivismo que fomentou as chamadas "guerras santas" (1), por sinal as mais atrozes e devastadoras em que se lançaram povos ditos cristãos para atestarem o seu desprezo pelo Cristo ... Ainda em nossos dias o clima religioso é propício às hostilidades e às revoltas, porque o velho espírito sectário ainda não renegou os seus intentos belicosos. Haja vista à sangrenta e interminável contenda que se fez guerra, entre católicos e protestantes, na Irlanda do Norte, entrada recentemente no seu sexto ano (2).
O Espiritismo, este, sim, mantém-se equidistante dessas rivalidades turbulentas, não podendo, portanto, ser confundido com essas facções religiosas de espírito eminentemente exclusivista. Em todo o curso de sua existência histórica, jamais derramou uma gota de sangue, nem provocou atrito, nem tentou pela violência impor-se à aceitação de ninguém. Doutrina evolutiva e liberal, imune dessa vesga tendência exclusivista, di-lo bem a sua feição adogmática, o seu criterium de condicionar a felicidade do ser depois da morte à prática unicamente das BOAS OBRAS com que se haja creditado no curso de sua existência terrena. Debaixo de sua bandeira de paz e fraternidade podem abrigar-se os homens de todas as raças e de todos os credos, e o Espiritismo os ensinará a viver cordialmente, numa atmosfera de tolerância e respeito mútuo. A distinção que o Espiritismo faz entre os indivíduos é apenas de caráter; mas isto não será motivo de separação e sim de reajustamento (3). Qualquer religião que pretenda disputar entre as demais a primazia e aumentar o seu prestigío, terá que se manter no terreno da ordem e dos princípios; a verdadeira religião - ou a melhor - será aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer. "Esse o sinal - está dito em o O Livro dos Espíritos, n.o 842 - porque reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda a doutrina que tiver por efeito estabelecer uma linha de separação entre os filhos de Deus, não pôde deixar de ser falsa e perniciosa" (4)
(1) As cruzadas representam um dos mais tristes episódios da história. A fé mal compreendida, misturada com a ambição, levou os povos europeus a lutarem pelos ¨ lugares santos¨ , cometendo crimes abominaveis. Os massacres ocorridos por ocasião da tomada das cidades, principalmente Jerusalem e Constantinopla, pouco ficam devendo as atos de selvageria que celebrizaram os mongóis. Justo observar que no decorrer das lutas foram os árabes que manifestaram o comportamento mais civilizado, principalmente Saladino, seu lider mais famoso. A incompreensão, que ainda hoje separa ocidente e oriente, é uma das heranças das cruzadas. (Recomendo a respeito o livro "A History of the Crusades", Steven Runcman, Penguim books - 3 Volumes)
(2) Os problemas na Irlanda do Norte persistem até nossos dias, não mais na intensidade anterior, mas ainda desafiando todas as tentativas de estabelecer uma paz duradoura.
(3) Efetivamente não se coloca em primeiro plano a questão do que se crê, mas em como se vive o que se crê. Isso se aplica mesmo as questões de interpretação dentro da Doutrina. Ou seja, pouco importa se o indivíduo acredite que Jesus tinha um corpo fluidico ou não, desde que pratique os ensinamentos dele. Não importa para seu destino futuro se o individuo é mais ou menos racional, mais ou menos mistíco, mais ou menos religioso, desde que seus atos correspondam ao "fora da caridade não há salvação".
- Um bom ateu estará melhor no plano espiritual que um mau Espírita;
- Um bom "Roustanguista" e um bom "Kardecista", ainda poderão continuar a debater, nos intervalos entre suas ocupações no plano espiritual, como foram as circunstâncias do nascimento de Jesus (caso não tenham sido bons o suficiente para poder questionar o próprio, e frisamos debater, pois se fossem brigar provavelmente estariam ambos no Umbral ...);
(4) Nos parece que esse critério continua perfeitamente válido para a análise das correntes de pensamento dentro do próprio movimento espírita. Estará mais próximo da verdade aquele grupo ou instituição que tornar os seus participantes mais fraternos e mais propensos ao estudo sereno da Doutrina, sem exclusivismo ou fanatismo ...
> Incorporação, Katia Penteado, Brasil (Boletim
346)
>
> No que diz respeito à pergunta
de João Marcelo Rossi (Boletim
345), é importante termos
> ciência de que incorporação é o
nome que popularmente se aplica à mediunidade de
> psicofonia, bastante estudada nos livros de André Luiz
e no Livro dos Médiuns, sem deixar de
> lado outros autores como Manoel Filomeno, Ivone Pereira e Herculano
Pires. Nossos
> teóricos são categóricos quando afirmam
que o termo incorporação é usado incorretamente,
> pois não tem como dois espíritos ocuparem o mesmo
corpo.
Caros amigos do GEAE, cara Katia Penteado,
O termo utilizado "incorporação" não se refere exatamente à mediunidade psicofônica. Psicofonia é o meio pelo qual um espírito, utilizando-se somente do aparelho vocal do médium, transmite sua mensagem. A psicofonia não movimenta o restante do corpo do médium como a "incorporação", também chamada de "psicopraxia".
Devido ao fenômeno da ligação psicofônica somente muitos espíritos que ignoram os meandros mediúnicos afirmam estarem "amarrados" ou "tolidos" se se expressarem, sem notarem, no entanto, que a vinculação mediúnica está-se dando tão somente no aparelho vocal do médium e não no seu corpo como um todo.
Na psicopraxia o Espírito, posto que sob o controle do médium, tem a liberdade de movimentar-se o corpo por completo, além do aparelho vocal, observando-se, portanto, que o nível de vinculação mediúnica é diferente.
Alguns médiuns psicopráxicos (e psicofônicos) sonambúlicos quando são acometidos do fenômeno da psicofonia alegam que se encontram exatamente na mesma posição em que "dormiram" ou se desligaram do corpo físico. Uma observação natural, porque a ligação não é com o corpo inteiro. Os mesmos médiuns, numa ligação psicopráxica, observam que o corpo foi movimentado pelo Espírito comunicante.
Em reuniões de desobsessão normalmente a vinculação é tão somente psicofônica.
É uma pequena complementação ao estudo do termo "incorporação", que, na verdade, está ligado à psicopraxia e não exatamente à psicofonia, como dito pela companheira.
Abraços fraternais,
Pedro Vieira
Tenho acompanhado, à distância, o esforço e a boa vontade do companheiro Gezsler West, no sentido de introduzir no meio espírita o debate social e político do Brasil, bem como seu interesse em democratizar o nosso movimento. Tenho, inclusive, iniciado um fraterno debate com ele, via Internet, pelo qual espero poder continuar aprendendo. Daí, meu interesse em, neste momento, entretecer publicamente um diálogo, a partir de seu texto publicado no Boletim 343.
As questões sociais são, de fato, muito pouco abordadas, no Espiritismo e, quando o são, vinculam-se a visões subjacentes de teor positivista e/ou funcionalista, que deixam a desejar de um ponto de vista teórico. Mas, conhecer as razões disso, no meu pequeno entender, é algo que demanda uma abordagem também filosófica e sociológica - e não apenas de cobrança moral, como parece ser a maioria dos textos sobre o assunto.
Dizer que o espírita é omisso, não resolve a questão - simplesmente repete o equívoco que tem sido insistente, mesmo nos artigos e comentários sobre o assunto: formulamos a questão da política e da sociedade de forma ainda despolitizada e ahistórica. Assim, reclamamos do paradigma, mas construímos a queixa dentro do próprio...
Não sei se sei resolver a questão. Deixo, aos companheiros interessados no assunto, simplesmente a minha contribuição, como abertura para o diálogo (que, via Internet, pode ser feito diretamente a mim, via email: signates@writeme.com, evitando incomodar os desinteressados).
Primeiro, mas primeiro mesmo, falta-nos uma teoria social. Meu diálogo a respeito com os confrades me tem trazido interessantes conclusões. Há companheiros que consideram tal teoria desnecessária ou até nociva ao Espiritismo (alguns chegam a combater o uso de conceitos como esse que Gezler enfatiza, o de "cidadania", com a ingênua crítica de que aborda o homem pelo exterior, e não pelo seu interior, a sua reforma íntima, como se tais dimensões pudessem ser separadas); enquanto há outros que não entendem porque temos essa opinião (muitos entendem que a teoria social espírita está "entranhada" nas obras básicas, e só não enxerga quem não quer); há também os que acham que o problema foi resolvido por alguns autores espíritas, em publicações específicas (Humberto Mariotti, Herculano Pires e, mais recentemente, Ney Lobo).
Com todo o respeito e a consideração que esses muitos amigos merecem, penso diferente de todos (mesmo que muitos passem a criticar essa posição como "personalista", mas a categorizo como uso legítimo da "fé raciocinada"). Os três autores retrocitados devem, claro, ser lidos.
Refletem eles interessantes momentos do movimento espírita no campo intelectual. Humberto Mariotti dialogando com o marxismo e Herculano Pires com o existencialismo refletem o esforço teórico pela inclusão do mundo dos espíritos no panorama das categorias sociológicas; e Ney Lobo propondo, num diálogo mais copioso, mas menos aprofundado, uma assunção das idéias sociais de Allan Kardec, representa bem a segunda posição que enunciei no parágrafo anterior. Nenhum deles, porém, consegue resolver o problema e, creio eu, porque não se detêm na especificidade da sociologia, isto é, no cerne da discussão sociológica, que é a forma pela qual se dão as relações sociais. Todos partem do princípio de que a tarefa dos espíritas é simplesmente incluir os espíritos na teoria existente, afirmando-lhes a existência, a imortalidade, a reencarnabilidade e a comunicabilidade com os vivos - e, meus amigos, penso que isso não basta. É preciso que assumamos alguma teoria da relação social para adentrarmos no campo da discussão sociológica com firmeza e rigor. Tenho, despretensiosamente, trabalhado nisso nos últimos anos e preparo um artigo-síntese que brevemente sugerirei ao GEAE que publique...
Eis que se delineia o segundo problema, dos que escolhi
elencar nestas considerações. Falta-nos densidade teórica.
A maioria dos
companheiros ainda pensa que basta assumir as idéias de Kardec
e de outros espíritos e defendê-las a todo custo, que o problema
estará resolvido. Esta semana, recebi um jornal espírita
que nos alerta para o perigo de darmos atenção às
"teorias dos homens" ou ao "pensamento meramente humano", como se o Espiritismo
não fosse teoria de homens (encarnados e desencarnados) e sujeita
ao mundo e ao pensamento histórico dos homens (como se Kardec não
tivesse sofrido a influência do positivismo; nem Léon Denis
do socialismo romântico; nem Herculano Pires da fenomenologia; nem
André Luiz de sua formação médica do início
do século; nem Emmanuel de sua formação católica
secular; e assim por diante). Naturalmente, este jornal defende que devamos
deixar de pensar, pois desse direito devem desfrutar apenas os espíritos
da codificação e os superiores para que, assim, o Espiritismo
se mantenha puro.
Mas, essa nem é a questão principal, nesse problema. A falta de densidade teórica acaba muitas vezes gerando um raciocínio judicativo moral intolerante, sempre que esse assunto vem à baila. Dizer, por exemplo, que Kardec foi racionalista e positivista à moda francesa e que a codificação está marcada por essa filosofia ou esse modo de pensar (o que é uma obviedade de tipo ululante para quem entenda um pouquinho do assunto) acaba soando como desrespeito, presunção e vaidade por quem o afirma. "Como ousas falar mal de Kardec?" - às vezes alguém indaga, como se reconhecer o codificador em seu tempo fosse afirmá-lo menor do que foi.
Um velho amigo meu desferiu-me certa vez essa pergunta: "Signates, você, depois de pensar assim, ainda se julga espírita?", como se a identidade espírita pudesse ser restringida à dogmatização de Kardec. Desnecessário explicar porque o assunto morre na hora, pois prefiro preservar o amigo do que perdê-lo numa bravata, e o que poderia ser um interessante diálogo orientado para o conhecimento e o aprendizado mútuo torna-se uma conversa entre surdos. De pouco tem adiantado afirmarmos que Kardec, como ato fundador, jamais pode ser dispensado de qualquer estudo espírita (como é impossível saber filosofia ocidental sem ler Platão e Aristóteles), mas que o nosso codificador não pode ser considerado a quarta pessoa da trindade, acima do tempo e do espaço, do bem e do mal, sem que lhe desrespeitemos a inteligência e, o que me parece o mais grave, sem que lhe neguemos o próprio método...
Meu juízo a respeito, contudo, não é moral. Os companheiros que assim reajem não o fazem por qualquer atraso espiritual (eu sequer tenho o direito de pensar isso, já que o mundo subjetivo é aquele no qual o sujeito tem acesso privilegiado, o que significa que de atraso espiritual eu talvez apenas possa conhecer o meu - e isso caso rejeite a teoria psicanalítica do inconsciente). Fazem-no porque estão inseridos na cultura espírita brasileira hegemônica, a qual demanda, com urgência, uma análise sociológica mais densa, a fim de que sejamos capazes de avaliá-la e, aí sim, desencadearmos visões mais consentâneas com o que seria uma proposta espírita de comentário social e político à sociedade brasileira.
Eis porque considero, com o respeito e o acato que o Gezsler sabe que existe por ele em mim, que sua proposta de discussão é muito relevante, mas infelizmente extemporânea. Temas como "modelo econômico", "globalização" e "democracia" prosseguirão estranhos no meio espírita ou, o que é pior, significarão mera justaposição a posições políticas já instituídas, como as da esquerda ou do neoliberalismo brasileiros, sem que, antes, definamos entre nós a nossa teoria social, para além de uma mera "teologia social", como tem sido a mera inclusão dos espíritos nas articulações teóricas vigentes.
O tema é vasto e ainda inconcluso. Paro por aqui para permitir o diálogo e, sobretudo, para que continuemos a pensá-lo.
Abraços do
Luiz Signates
Gostaria de perguntar aos meus amigos espíritas como vocês compreendem os "Fim dos Tempos", pois há uma grande repercussão do assunto no momento.
Desde já meus agradecimento.
Um abraço fraterno,
Loraine Derewlany
Cara Loraine,
A Terra, ou melhor a humanidade que a habita, está sujeita a lei do progresso. Já foi um mundo primitivo, habitado por espíritos em estágios iniciais de evolução; já foi um mundo exclusivamente de provas e expiações, onde a natureza animal predominava sobre o Espírito e agora está a caminho de transformar-se em um mundo de regeneração, com uma humanidade ainda imperfeita, mas onde o espírito começa a predominar sobre a matéria.
O tão discutido "Fim dos Tempos" é exatamente isso, a fase de transformação, em que simbolicamente o velho mundo desaparece para dar lugar a um novo mundo. Transformação gradativa, que já se iniciou e cujo término, provavelmente, ainda se extenderá pelos séculos futuros. Mudança essencialmente moral, que não será como esperam muitos, um cataclisma hollywodiano, mas um natural amadurecimento da humanidade.
Dentro dessas transformações se encaixa o surgimento de uma nova compreensão da realidade do espírito humano e da relação entre os dois planos de existência, o material no qual vivemos agora e o espiritual, em que estaremos após nossa desencarnação. Essa nova compreensão começou a surgir a partir de 1848, com as repercussões dos eventos de Hydesville (EUA), tomou uma forma mais definida com a Codificação Espírita levada a cabo por Allan Kardec e continua a se difundir em nossos dias.
Nesse "fim dos tempos" duas épocas se misturam. Duas compreensões diferentes do mundo se misturam, a antiga lutando para permanecer e a nova tomando corpo, daí as confusões, as lutas e as dificuldades que o caracterizam. São momentos de escolha para o espírito humano, ir adiante ou apegar-se ao que já foi. *
Atenciosamente,
Carlos Iglesia
* Vide:
- O texto "Regeneração
da Humanidade" no livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec;
- Boletins 10,
117 , 121
e 226
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- Estudos e debates sobre o pensamento espírita e suas conseqüências e aplicações na nossa sociedade;
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